Entenda a investigação do MP-RJ sobre Flávio Bolsonaro
Qual é o estágio atual da investigação do Ministério Público?
A investigação foi retomada em dezembro após o STF autorizar o uso de dados sigilosos repassados pelo Coaf. Liminar do ministro Dias Toffoli havia paralisado o procedimento sob o argumento de que as informações detalhadas podiam ferir regras constitucionais, tese derrotada no plenário. Com a retomada, houve ação de busca e apreensão. Em abril, o Ministério Público já havia obtido a quebra de sigilo bancário e fiscal de 103 pessoas físicas e jurídicas, entre elas Flávio e Queiroz —decisão que agora está sendo reanalisada pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio
Quem foi alvo da operação em dezembro? Quais os crimes apurados?
A operação teve como alvo Flávio, Queiroz e outros exassessores do gabinete, por meio de mandados de busca e apreensão. São apurados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa
O que dizia o relatório do Coaf que deu início à investigação?
Segundo o Coaf, Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 —entraram em sua conta R$ 605 mil e saíram cerca de R$ 600 mil. Além do valor, considerado incompatível com seu patrimônio, chamaram a atenção dos investigadores o volume de saques (que chegaram a cinco num mesmo dia) e o fato de ele ter recebido repasses de oito funcionários do gabinete de Flávio
Houve um relatório do Coaf sobre Flávio?
Sim. O relatório apontou que ele recebeu em sua conta bancária 48 depósitos, em dinheiro em junho e julho de 2017, sempre no valor de R$ 2.000, totalizando
R$ 96 mil. Os depósitos foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica na Assembleia
O que Queiroz fala sobre a movimentação?
Em
2018, Queiroz atribuiu a movimentação a negócios particulares, como a compra e venda de automóveis. Depois, o ex-assessor afirmou que recolheu parte dos salários de funcionários do chefe para distribuir a outras pessoas para que trabalhassem pelo então deputado estadual, ainda que não formalmente empregadas. O objetivo, segundo ele, era aumentar o número de assessores a fim de aproximar Flávio de sua base eleitoral. Ele diz que o senador não tinha conhecimento da prática. Até o momento, contudo, Queiroz não informou quem eram os assessores informais