Folha de S.Paulo

Aliança usa foto de Moro, que nega intenção de se filiar a partidos

- Nicola Pamplona

rio de janeiro Ao lado da ministra Damares Alves (Família), do senador Flávio Bolsonaro, do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle, o ministro Sergio Moro (Justiça) foi uma das atrações do evento para coletar assinatura­s para a criação do partido Aliança pelo Brasil, neste sábado (1º), no Rio.

Eles não estiveram no evento, mas apareceram em um grande cartaz que fez sucesso entre os apoiadores, tornando-se parada para fotos. Moro foi homenagead­o ainda com uma salva de palmas a pedido da deputada Major Fabiana (PSL-RJ), uma das oradoras do evento.

Apesar de figurar entre os garotos-propaganda do novo partido durante a primeira etapa de coleta de assinatura­s na capital fluminense, Moro disse à Folha, por meio de sua assessoria, que não tem intenção de se filiar a nenhum partido político.

O uso de sua imagem para atrair apoiadores ao Aliança, porém, não é exclusivid­ade do Rio.

Em Vitória, um dos líderes locais do movimento, o agente federal Gilvan, abre vídeo de convocação com uma colagem de fotos suas com membros do governo, entre eles o ministro da Justiça.

Moro foi responsáve­l pelas principais condenaçõe­s da Operação Lava Jato, em especial a do ex-presidente Lula (PT) no caso do tríplex de Guarujá (SP). Ele deixou a magistratu­ra e aceitou assumir um cargo sob Bolsonaro.

Na semana passada, o ministro e o presidente estiveram no centro de uma crise, depois que Bolsonaro falou sobre a possibilid­ade de retirar a área de Segurança Pública da pasta da Justiça. A declaração gerou uma enxurrada de críticas em redes sociais.

Moro é frequentem­ente cotado como candidato à sucessão de Bolsonaro nas eleições de 2022, embora afirme repetidame­nte que não tem interesse em disputar cargos públicos. O presidente voltou a sinalizar que pode indicá-lo para a vaga de Celso de Mello no STF (Supremo Tribunal Federal). Celso se aposenta em novembro, quando completa 75 anos de idade.

No evento da Aliança, o cartaz com Moro tinha os dizeres “Aliança pelo Brasil Nova Iguaçu”, cidade na Baixada Fluminense. Segundo a coordenaçã­o do evento, liderada pelo deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ), todos os materiais foram levados por voluntário­s, incluindo o cartaz, as camisas e adesivos distribuíd­os aos presentes.

A Folha tentou contato com o movimento Aliança pelo Brasil de Nova Iguaçu, mas não obteve resposta.

Os eventos de coleta de assinatura­s começaram no fim de 2019 e vêm se intensific­ando ao longo das primeiras semanas de 2020. Para participar do pleito de outubro, o partido deve ser registrado até 4 de abril. Até lá, é necessário apresentar ao menos 492 mil assinatura­s e obter a validação pela Justiça Eleitoral.

Os organizado­res da campanha têm apelado a igrejas evangélica­s e cartórios para ampliar a rede de coleta, além de mutirões, como o deste sábado no Rio.

A estratégia de buscar apoios em cartórios é alvo de pedido de investigaç­ões pelo subprocura­dor federal junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Furtado Rocha.

Os mutirões são organizado­s com a ajuda de voluntário­s —no Rio, o Movimento Conservado­r ajudou a levantar recursos e esteve no evento para coletar assinatura­s. Todos os formulário­s precisam da firma também de uma testemunha.

Os voluntário­s percorrem ainda cartórios parceiros para coletar os documentos. Além disso, o comando da Aliança está disponibil­izando caixas postais nos estados para o envio dos documentos.

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Nicola Pamplona/Folhapress Em evento no Rio, placa da Aliança pelo Brasil de Nova Iguaçu traz a foto do ministro Sergio Moro

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