Aliança usa foto de Moro, que nega intenção de se filiar a partidos
rio de janeiro Ao lado da ministra Damares Alves (Família), do senador Flávio Bolsonaro, do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle, o ministro Sergio Moro (Justiça) foi uma das atrações do evento para coletar assinaturas para a criação do partido Aliança pelo Brasil, neste sábado (1º), no Rio.
Eles não estiveram no evento, mas apareceram em um grande cartaz que fez sucesso entre os apoiadores, tornando-se parada para fotos. Moro foi homenageado ainda com uma salva de palmas a pedido da deputada Major Fabiana (PSL-RJ), uma das oradoras do evento.
Apesar de figurar entre os garotos-propaganda do novo partido durante a primeira etapa de coleta de assinaturas na capital fluminense, Moro disse à Folha, por meio de sua assessoria, que não tem intenção de se filiar a nenhum partido político.
O uso de sua imagem para atrair apoiadores ao Aliança, porém, não é exclusividade do Rio.
Em Vitória, um dos líderes locais do movimento, o agente federal Gilvan, abre vídeo de convocação com uma colagem de fotos suas com membros do governo, entre eles o ministro da Justiça.
Moro foi responsável pelas principais condenações da Operação Lava Jato, em especial a do ex-presidente Lula (PT) no caso do tríplex de Guarujá (SP). Ele deixou a magistratura e aceitou assumir um cargo sob Bolsonaro.
Na semana passada, o ministro e o presidente estiveram no centro de uma crise, depois que Bolsonaro falou sobre a possibilidade de retirar a área de Segurança Pública da pasta da Justiça. A declaração gerou uma enxurrada de críticas em redes sociais.
Moro é frequentemente cotado como candidato à sucessão de Bolsonaro nas eleições de 2022, embora afirme repetidamente que não tem interesse em disputar cargos públicos. O presidente voltou a sinalizar que pode indicá-lo para a vaga de Celso de Mello no STF (Supremo Tribunal Federal). Celso se aposenta em novembro, quando completa 75 anos de idade.
No evento da Aliança, o cartaz com Moro tinha os dizeres “Aliança pelo Brasil Nova Iguaçu”, cidade na Baixada Fluminense. Segundo a coordenação do evento, liderada pelo deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ), todos os materiais foram levados por voluntários, incluindo o cartaz, as camisas e adesivos distribuídos aos presentes.
A Folha tentou contato com o movimento Aliança pelo Brasil de Nova Iguaçu, mas não obteve resposta.
Os eventos de coleta de assinaturas começaram no fim de 2019 e vêm se intensificando ao longo das primeiras semanas de 2020. Para participar do pleito de outubro, o partido deve ser registrado até 4 de abril. Até lá, é necessário apresentar ao menos 492 mil assinaturas e obter a validação pela Justiça Eleitoral.
Os organizadores da campanha têm apelado a igrejas evangélicas e cartórios para ampliar a rede de coleta, além de mutirões, como o deste sábado no Rio.
A estratégia de buscar apoios em cartórios é alvo de pedido de investigações pelo subprocurador federal junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Lucas Furtado Rocha.
Os mutirões são organizados com a ajuda de voluntários —no Rio, o Movimento Conservador ajudou a levantar recursos e esteve no evento para coletar assinaturas. Todos os formulários precisam da firma também de uma testemunha.
Os voluntários percorrem ainda cartórios parceiros para coletar os documentos. Além disso, o comando da Aliança está disponibilizando caixas postais nos estados para o envio dos documentos.