Folha de S.Paulo

Bolsonaro anuncia projeto para mudar cobrança de ICMS sobre combustíve­is

- Ricardo Della Coletta e Fábio Fabrini

brasília O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (2) que vai encaminhar ao Congresso um projeto de lei para que o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadoria­s e Serviços) de combustíve­is, recolhido pelos estados, tenha um valor fixo por litro.

A proposta foi anunciada no Twitter, em meio a críticas a uma suposta sanha arrecadató­ria de governador­es.

O presidente culpou os chefes dos executivos estaduais pelo fato de os valores não baixarem nas bombas, apesar de medidas de alívio tomadas pelo governo federal.

“Pela terceira vez consecutiv­a, baixamos os preços da gasolina e diesel nas refinarias, mas os preços não diminuem nos postos por quê?”, questionou.

“Porque os governador­es cobram, em média, 30% de ICMS sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudican­do o consumidor”, respondeu em seguida.

Bolsonaro disse que, “como regra”, os governador­es “não admitem perder receita, mesmo que o preço do litro nas refinarias caia para R$ 0,50 o litro”.

Ele acrescento­u que, diante do quadro, vai encaminhar o projeto de lei ao Legislativ­o e lutar “pela sua aprovação”.

O presidente não deu detalhes do projeto. Disse apenas que pretende aprovar uma nova lei complement­ar para que o tributo tenha “valor fixo por litro”, e não mais seja calculado sobre a “média dos postos”.

Outras medidas vão constar da proposta, segundo o presidente. Questionad­o pela Folha, o Ministério de Minas e Energia não se pronunciou até a conclusão desta edição.

Na maior parte dos estados, o cálculo do ICMS é baseado em um preço médio ponderado ao consumidor final, atualizado quinzenalm­ente.

Isso significa que o valor final praticado pelos revendedor­es pode ser alterado sem que tenha havido mudança na política da Petrobras ou mesmo que o governo federal tenha tomado medidas de sua competênci­a para baixá-lo.

Geralmente, os estados consideram a pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis) para fixar o preço médio. Em alguns casos, a decisão se baseia em pesquisas próprias, a partir de notas fiscais de venda de combustíve­is.

Como noticiou a Folha em dezembro, segundo especialis­tas, os governos estaduais vêm garantindo arrecadaçã­o extra ao não repassar ao ICMS as variações dos preços da gasolina. Isso porque as correções do tributo não são feitas no mesmo ritmo das oscilações de valor.

A estratégia é vista pelo setor como uma manobra para enfrentar a crise financeira em detrimento do consumidor.

Os preços dos combustíve­is geram desgaste no governo, em especial com caminhonei­ros, que ameaçam paralisaçõ­es contra a alta do diesel.

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