Folha de S.Paulo

Pais reclamam de fim de transporte escolar no extremo da zona leste de SP

- William Cardoso

são paulo | agora Pais de alunos do CEU Alto Alegre, na região de São Mateus (zona leste), reclamam que a Prefeitura de São Paulo pretende interrompe­r o Transporte Escolar Gratuito de quem já dispõe do serviço.

Segundo familiares, a decisão pode colocar em risco as crianças e até impedi-las de frequentar a escola. Tem direito ao transporte gratuito alunos que moram a uma distância de 2 km ou mais da escola. Também se beneficia quem encontra barreiras físicas, como uma linha de trem, por exemplo no caminho.

No caso do alunos do CEU Alto Alegre, grande parte do caminho é feito em ruas sem calçadas, ladeiras ou por uma trilha pelo meio de um terreno ocupado por sem-teto.

“A direção falou que eu deveria procurar uma escola mais próxima, mas essa é a mais próxima”, diz a dona de casa Marinilce Pereira, 36, que tem três filhos, entre 5 e 9 anos, no Alto Alegre.

A costureira Amara Maria Moura da Silva, 64, também foi surpreendi­da ao fazer o cadastro no dia 23 e ser informada de que o neto de 9 anos havia perdido o direito ao transporte. “Tenho problema nas pernas e não posso levá-lo por essas ladeiras. Ele não tem como ir sozinho, porque é perigoso.”

O barbeiro Eric Batista de Siqueira, 32, é pai de um aluno de 5 anos e conta que o terreno por onde as crianças têm que cortar caminho é muito perigoso. “Não deixaria ele passar sozinho e nem com a mãe dele”, diz.

Motoristas e monitores responsáve­is pelo transporte escolar estimam que o número de crianças atendidas cairá em 90% no CEU Alto Alegre após os cortes.

“Fomos informados que o CEU só estava dando o transporte para quem tinha laudo [criança que tem alguma demanda médica]”, diz a monitora de transporte escolar Francineid­e Maria Ferreira de Araújo, 49.

A Secretaria Municipal da Educação, sob a gestão Bruno Covas (PSDB), diz que nenhum aluno que resida a partir de 2 km da escola ou que se enquadre nos critérios para o benefício ficará sem o transporte escolar gratuito.

“A unidade passa por recadastra­mento dos endereços após denúncia identifica­r que um funcionári­o e perueiros fraudavam os endereços para incluir situações fora das regras de transporte­s”, diz. “O funcionári­o está respondend­o processo administra­tivo sob a acusação de receber propina para realização das fraudes e está afastado.” Segundo a secretaria, uma reunião com os responsáve­is está agendada. As aulas começam nesta quarta-feira 5.

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Ronny Santos/Folhapress Mãe caminha com os três filhos sobre ponte improvisad­a no caminho da escola

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