‘Honeyland’ ganha terreno na corrida do Oscar
Prestígio é trunfo de longa sobre apicultora macedônica que foi indicado como melhor filme internacional e documentário
the new york times A corrida pelo Oscar está em curso e todo mundo está de olho nos grandes favoritos. Mas um filme pequeno e pouco conhecido vem ganhando terreno.
“Honeyland” é o primeiro filme a ser indicado como melhor documentário e melhor longa internacional. Acompanha Hatidze Muratova, apicultora cuja vida tranquila na região rural da Macedônia do Norte é desordenada quando uma família caótica se muda para a casa vizinha.
O filme estreou no Festival Sundance, de onde saiu com três prêmios e continua a ganhar prestígio. O site Rotten Tomatoes registra 99% de críticas positivas.
“Honeyland” é azarão em filme internacional. Estreia em longas de Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov, concorre com trabalhos comentados de cineastas veteranos, “Parasita”, de Bong Joon-ho, e “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar. Na categoria documentário, concorre com “Indústria Americana”.
No começo, “Honeyland” capta Muratova enfrentando o dia a dia. Ela aparece cantando para abelhas, vendendo mel e cuidando da mãe doente.
Em seguida somos apresentados aos novos vizinhos, Hussein Sam, sua mulher e os sete filhos. Enquanto Muratova é calma, a família de Sam é ruidosa e mal-humorada. Suas diferenças se tornam problemáticas quando Sam começa a criar abelhas e viola a regra de ouro da vizinha: deixar metade do mel para as abelhas.
Sam pode parecer o vilão. Mas ele é só um pai tentando sustentar a família e satisfazer um comprador impaciente. “O filme funciona como um espelho”, diz Kotevska. “Algumas pessoas se reconhecem em Muratova. Algumas se reconhecem na outra família”.
As disputas conduzem a narrativa. Há também os momentos tocantes entre Muratova e sua mãe enferma. Os cineastas ainda capturam o elo cada vez mais forte entre Muratova e um dos filhos de Sam, que costuma escapar para o mundo da vizinha depois de brigar com o pai.
O resultado é uma história nuançada que fala de solidão, capitalismo e um modo de vida que está acabando. Acima de tudo, diz Stefanov, queriam mostrarcomoacobiçafunciona “em um nível muito básico”.
Os diretores nem imaginavam que pudessem estar a caminho do Oscar. Eles nem esperavam contar a história.
Encontraram as colmeias de Muratova por acaso, quando pesquisavam para um documentário ambiental. Depois de conhecê-la, eles se intrigaram com as tradições de apicultura muito antigas que ela preserva.
Filmaram 400 horas em três anos, trabalhando em condições precárias; Muratova morava em um casebre sem eletricidade. Stefanov e Kotevska a visitavam por alguns dias, dormindo em barracas.
A indicação do trabalho ao Oscar de melhor filme internacional, diz Kotevska, é prova de que trabalhos de ficção e não ficção não deveriam ser julgados separadamente. “Contar bem uma história é contar bem uma história.”