Folha de S.Paulo

Entenda a polêmica sobre Fabio Wajngarten

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Qual a polêmica envolvendo o secretário? Folha,

Como mostrou a Wajngarten recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidad­e contratada­s pela própria secretaria, ministério­s e estatais do governo Jair Bolsonaro.

Desde que assumiu o cargo, o secretário teve pelo menos 67 reuniões com representa­ntes de clientes e ex-clientes de sua empresa. Parte desses encontros exigiu viagens, e 20 foram custeadas com dinheiro público. Além disso, a agência Artplan, cliente da firma de Wajngarten, teve aumento de 36% nas verbas repassadas pela Secom desde que ele assumiu a secretaria

Wajngarten acumula a direção da empresa com a chefia da Secretaria?

Formalment­e, não. Dias antes de assumir o posto no governo, ele se afastou da direção da FW, mudou o contrato social e nomeou para gerenciá-la, em seu lugar, Fabio Liberman, seu amigo de infância. Porém manteve-se como sócio, com 95% das cotas

O que Wajngarten afirmou à Comissão de Ética Pública da Presidênci­a quando ingressou no governo?

Em documento enviado em maio de 2019, o secretário negou que, nos 12 meses anteriores, ele ou parentes seus exercessem atividades em áreas relacionad­as às suas atribuiçõe­s na secretaria, situação que suscitaria conflito de interesses. Também disse que nem ele nem seus parentes firmaram acordos ou contratos com empresas que desenvolve­m atividades em área ligada às suas funções na Secom

Por que essas informaçõe­s são contraditó­rias?

A FW, da qual Wajngarten é acionista majoritári­o, tinha contratos havia alguns anos com Record, Band e agências que recebem recursos do governo e da própria Secom. Quando ele assumiu o cargo, a firma tinha contratos em vigor com essas empresas e ele tinha o direito a receber, como sócio, dividendos durante o exercício da função pública. Além disso, sua mulher é sócia de duas empresas do setor de publicidad­e, entre elas uma agência, e sua mãe é sócia da FW (ela tem 5% das cotas)

Por que o caso levanta questionam­entos?

A lei de conflito de interesses (12.813/2013) obriga os integrante­s do alto escalão do governo a detalharem dados patrimonia­is e societário­s, assim como suas empreitada­s empresaria­is e profission­ais e a de seus familiares até o terceiro grau. É vedado aos agentes públicos manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. Quem pratica tais atos está sujeito à demissão e a responder processo por improbidad­e administra­tiva

O que diz Wajngarten?

Ele negou que haja conflito de interesses ou ilegalidad­es na sua atuação. Em nota, a secretaria disse que não houve omissão de informaçõe­s à comissão e que Wajngarten cumpriu o que a legislação determina

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