Jornalistas deixam entrevista depois de Boris barrar veículos
são paulo Um grupo de jornalistas decidiu não participar de uma entrevista convocada pelo governo britânico sobre o brexit após assessores do premiê Boris Johnson barrarem a participação de alguns veículos no evento.
O caso se deu nesta segunda (3) na residência oficial do primeiro-ministro.
Segundo a imprensa local, o governo convocou jornalistas para uma entrevista técnica de divulgação de detalhes da proposta de acordo comercial que Londres deve apresentar à União Europeia.
Apesar de ter deixado o bloco oficialmente na sexta (31), o Reino Unido ainda tem uma série de questões pendentes com Bruxelas até o final do ano —quando acaba o período de transição do brexit. A negociação do acordo comercial é considerada o principal assunto a ser definido no período.
Ao chegarem para a entrevista, porém, os profissionais foram divididos em dois grupos de acordo com os veículos para os quais trabalham.
O diretor de comunicação de Boris, Lee Cain, ordenou aos repórteres de um dos lados que deixassem o local.
Entre os veículos excluídos estavam os sites Huffington Post e PoliticsHome, os jornais The Mirror, The Independent e inews e a agência de notícias Press Association, entre outros.
Em resposta, os jornalistas de veículos autorizados a participar —incluindo BBC, The Guardian, Financial Times, The Telegraph, Daily Mail e The Sun— também deixaram o local.
Após a divulgação do caso, o governo afirmou que realiza eventos abertos a todos os jornalistas duas vezes por dia, mas que tem o direito de restringir a entrada em casos específicos.
Desde que assumiu o comando do país, em julho, Boris e sua equipe aumentaram o uso desse mecanismo que restringe veículos de imprensa. Segundo o Guardian, representantes do governo afirmam que essa foi a primeira vez que jornalistas convidados reclamaram da restrição.
Uma das críticas dos profissionais que deixaram a entrevista era de que ela seria conduzida por profissionais da área técnica do governo, não por representantes da área política. De acordo com a imprensa britânica, a tradição é que a restrição só aconteça em casos de eventos de natureza política.