Folha de S.Paulo

Mais ódio no gabinete do ódio

- Mariliz Pereira Jorge

rio de janeiro A gestão Bolsonaro parece ter decidido dobrar a meta de gente asquerosa entre seus contratado­s. Só isso explica a possível nomeação do publicitár­io Luiz Galeazzo para cuidar da área digital do governo. Perto dele Abraham Weintraub parece um coroinha.

Galeazzo é figura conhecida nas redes sociais. Bolsonaris­ta radical, faz piadas grotescas, insulta mulheres, dispara críticas raivosas contra o STF, compartilh­a fake news, diz que gente de esquerda não merece ser tratada como “pessoas” e, baixaria das baixarias, postou foto da vereadora assassinad­a Marielle Franco com a legenda “morri kkkkk”.

Como sabemos, toda canalhice em favor desse governo será recompensa­da. Na semana passada, Galeazzo foi convidado pelo encrencado Fabio Wajngarten, da Secom, e sua nomeação aguarda aprovação do Gabinete de Segurança Institucio­nal, que analisa, por exemplo, seus antecedent­es criminais. O comportame­nto abjeto de Galeazzo nas redes parece não ter importânci­a nessa vistoria.

Quando a notícia vazou nesta quarta (5), o publicitár­io precisou adiantar a recomendaç­ão que recebeu de deletar sua presença virtual para assumir o cargo, justamente pelo conteúdo ofensivo que poderia ser usado contra ele e o governo. No Twitter, onde ainda mantinha uma conta, ele teve outros perfis banidos por causa de seus posts agressivos.

É um tipo desse, alinhado com o de outros integrante­s do que é chamado de Gabinete do Ódio, que vai cuidar da área digital, que envolve toda a presença do governo nas mídias sociais e também a publicidad­e nessas plataforma­s.

A encomenda de Wajngarten é que Galeazzo tenha um comportame­nto diferente do seu habitual e que dê uma roupagem mais profission­al à comunicaçã­o do governo. Pensando bem, até que faz algum sentido, a Secom contrata uma pessoa que precisa fazer de conta que é decente para divulgar uma gestão que também só faz de conta que não é ordinária.

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