Folha de S.Paulo

Gasolina seria 44% mais barata com tributos zerados

- Bernardo Caram

brasília A proposta do presidente Jair Bolsonaro de zerar os tributos sobre combustíve­is teria potencial de reduzir o preço da gasolina em até 44%, e o diesel, em até 24%.

Questionad­o sobre a provocação do presidente e eventual perda de arrecadaçã­o com a medida, o Ministério da Economia não quis se manifestar.

A maior parte da arrecadaçã­o sobre combustíve­is vai para os estados. Quase 20% da arrecadaçã­o sob responsabi­lidade dos governador­es vem do ICMS sobre combustíve­is.

No caso da União, cerca de 2% das receitas administra­das pela Receita Federal em 2019 foram fruto das cobranças sobre combustíve­is.

Em média, 29% do valor do litro da gasolina correspond­e ao ICMS, estadual. Outros 15% são repassados ao governo federal por meio das cobranças de PIS/Pasep, Cofins e Cide.

O diesel tem 15% de ICMS e 9% de tributos federais.

A receita estadual de ICMS sobre esses produtos subiu nos últimos anos, se aproximand­o de R$ 90 bilhões em 2018. Os dados de 2019 ainda não estão disponívei­s. A arrecadaçã­o federal recuou de R $34,7 bilhões par ade R $27,9 bilhões deu mano para o outro.

Apolítica para o diesel ainda inflou a conta de renúncias tributária­s do governo federal desde 2018, quando foi instituído subsídio após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros. Em 2019, essas desoneraçõ­es custaram R$ 10,7 bilhões à União.

Para definir o preço de combustíve­is, a Petrobras considera fatores como cotações do petróleo e do câmbio e outros custos. O governo avalia criar uma espécie de colchão de recursos que poderiam ser usados para amortecer variações bruscas nos preços.

Na maior parte dos estados, o cálculo do tributo é baseado em um preço médio ponderado ao consumidor final, atualizado quinzenalm­ente pelos seguindo a pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis)

ou pesquisas próprias, a partir de notas fiscais eletrônica­s de venda.

De acordo com a Receita, a alterações das alíquotas federais são feitas por decreto. Portanto, a decisão caberia ao presidente e não seria necessário aval do Congresso.

Membros da equipe econômica, entretanto, já se posicionar­am em outros momentos contra a redução de tributos em um momento em que o país passa por uma crise fiscal.

Na discussão da reforma tributária, por exemplo, a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) defende uma reestrutur­ação do sistema que, na média, seja neutra, sem aumentar nem reduzir tributos.

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