Eike Batista movimentou R$ 41 bi no exterior, dizem relatórios
brasília Duas associações de investidores entregaram à Justiça relatórios que mostram transações financeiras envolvendo contas no exterior feitas por Eike Batista entre 2007 e 2015 de cerca de R$ 41 bilhões.
Na petição, a que a Folha teve acesso e que foi publicada primeiramente pelo site O Antagonista, a Abradin (Associação Brasileira de Investidores) e a Aidmin (Associação dos Investidores Minoritários) trazem um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com remessas totais de R$ 33 bilhões feitas por um braço da OGX Petróleo e Gás nas Bahamas, entre dezembro de 2011 e novembro de 2012.
Naquele momento, o empresário era o controlador do grupo. Não se sabe se esses valores foram declarados à Receita.
Procurada, a defesa de Eike não havia se pronunciado até a publicação deste texto.
Embora as operações tenham sido registradas pelo Coaf como “transferências diretas, locação de equipamentos de offshores e exportação de mercadorias”, as associações dos acionistas chamam a atenção para uma transferência de R$ 2,85 bilhões para uma conta da OGX aberta em um paraíso fiscal nos EUA no mesmo período.
Também foi anexada uma planilha contendo movimentação entre contas no exterior em nome de Eike de mais de R$ 8 bilhões, entre 2007 e 2015.
Segundo Izabela Amaral Braga, advogada da Aidmin, a Justiça brasileira está agora informada sobre a movimentação das contas. Ela afirma que essas informações constam de uma ação que tramitou nos EUA em 2017.
Nela, há registros de que Eike usou o UBS Pactual, nas Bahamas, para fazer transações financeiras até 2009, ano em que na instituição firma um acordo de cooperação com autoridades americanas.
A partir dali, ainda segundo os documentos, Eike passou a usar os serviços do BTG Pactual, nas Ilhas Cayman, e do Itaú Europa International, em Miami. As duas associações pedem que a Justiça aceite que ingressem no processo como partes interessadas.
As entidades apresentam as planilhas com as operações consideradas suspeitas como forma de reforçar a busca de patrimônio do empresário e parentes diretos para acelerar o ressarcimento de credores. “Os documentos comprovam a intensa participação do sistema financeiro nas fraudes”, disse Aurélio Valporto, vicepresidente da Aidmin.
Procurado, o Itaú Unibanco afirmou que todas as operações do banco são lícitas.
As demais instituições não haviam respondido até a conclusão deste texto.