Folha de S.Paulo

Umbandista, morreu no mar durante oferenda a Iemanjá

- Paula Sperb coluna.obituario@grupofolha.com.br

porto alegre “Seus olhos são verdes ou essa cor é o reflexo da água?”, perguntou o rapaz à moça, enquanto se banhavam na praia de Barra Velha, em Santa Catarina, no final dos anos 1970. O encontro dos jovens, até então desconheci­dos, acabou em casamento.

“Eles se conheceram dentro do mar”, relata Morgana Säge, 34, filha de Mário Sérgio Säge e Arlete Pangratz.

O casal catarinens­e, ele de Joinville

e ela de Jaraguá do Sul, mudou-se para Caxias do Sul, na serra gaúcha, em função do trabalho de Mário Sérgio.

“É muito bom sentir o vento no peito”, ele comentava com a mulher sobre a sensação de andar de moto. Pilotava uma Harley-Davidson e integrava um grupo de motoqueiro­s. “Ele dirigiu até o Chuí em 2016 e foi uma viagem que marcou muito”, conta Arlete, 61, que chegou a fazer alguns passeios na garupa da moto do marido.

Mário Sérgio era amável. “Fazia carinho assim”, explica Morgana ao comentar uma foto em que o pai está com a mão esquerda no seu rosto.

Por causa de outra filha, Jordana, 30, Mário Sérgio acabou descobrind­o a umbanda, que frequentou nos últimos oito anos. “Ela ficou receosa de contar que tinha ido a um terreiro, o pai era muito conservado­r. Um ano depois, a convite dela, ele participou de uma sessão e nunca mais parou”, relembra Arlete.

O pai se envolveu tanto que passou a ser professor no centro de umbanda, ensinando sobre ervas. Não demorou para que se tornasse o responsáve­l por levar ao mar, a cada ano, as oferendas à Iemanjá. Na noite de sábado (1º), quando entrou na água da praia de Torres para levar as homenagens, não conseguiu sair. Ele não se afogou. A provável causa de sua morte foi um mal súbito.

Mário Sérgio Säge morreu aos 61 anos. Deixa esposa e três filhas.

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