Folha de S.Paulo

Missão com 4 aviões e médicos parte para buscar brasileiro­s

Senado aprovou projeto de lei para colocar viajantes em quarentena em Goiás

- Natália Cancian, Ricardo Della Coletta, Daniel Carvalho e Danielle Brant

brasília Depois de dizer que não havia intenção de buscar os brasileiro­s em Wuhan, cidade chinesa que é o epicentro da epidemia de coronavíru­s, o governo enviou, nesta quarta-feira (5), duas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) para para trazer um grupo de 34 pessoas.

A justificat­iva dada depois foi a ausência de regras para quarentena no país, agora aprovadas em projeto de lei que já passou pelo Senado.

Dois aviões VC-2, que costumam ser usadas para transporte presidenci­al, decolaram por volta das 12h20 da Base Aérea de Brasília.

O grupo deve chegar à Wuhan na noite desta quinta(6), no fuso horário chinês. O retorno está previsto para ocorrer entre 2h e 6h de sábado (8).

Em Wuhan, os brasileiro­s passarão por exames e avaliação médica. Na chegada, eles devem passar por quarentena de até 18 dias em uma base militar em Anápolis, em Goiás.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta que os militares que participam da missão também ficarão de quarentena em Anápolis.

“O pessoal chegando, inclusive nosso pessoal da Força Aérea, mais de uma dezena de militares. Quando voltar também vão passar o carnaval em quarentena. Então, é responsabi­lidade acima de tudo trazendo esse pessoal de lá para cá”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.

Além dos passageiro­s e da tripulação, também devem estar a bordo de cada aeronave uma equipe médica, para o caso de algum passageiro apresentar sintomas da infecção durante o voo, e militares capacitado­s para realizar missões do tipo DQBRN (defesa química, biológica, radiológic­a e nuclear).

A tripulação de cada voo é composta por 11 militares. Já a equipe médica é composta por sete pessoas, sendo seis médicos do Exército e um integrante do Ministério da Saúde em cada voo. O grupo fará um revezament­o a bordo. Entre os integrante­s, está uma infectolog­ista que fala o idioma local. O custo da missão não foi informado.

Nesta quarta (5), o Senado aprovou o projeto de lei enviado pelo governo para colocar em quarentena brasileiro­s vindos da China.

O texto tramitou em regime de urgência, foi aprovado em votação simbólica e agora segue para sanção presidenci­al, o que deve acontecer até a manhã desta quinta-feira, segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Para dar celeridade à tramitação, o projeto não chegou a passar por nenhuma comissão. Foi relatado em plenário pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que manteve o texto vindo da Câmara.

O projeto 23/2020 define as medidas sanitárias a serem adotadas para impedir a disseminaç­ão do coronavíru­s no país, entre elas a quarentena e o isolamento de doentes.

O Ministério da Saúde pretende investir cerca de R$ 140 milhões para compra de máscaras, toucas, luvas e outros insumos como medicament­os em caso de necessidad­e devido ao novo coronavíru­s. O objetivo é reforçar os estoques da rede de saúde e evitar um cenário de falta desses materiais no mercado, em um contexto em que cresce a busca por máscaras de proteção.

“Será a primeira vez que o ministério faz uma aquisição dessas num volume consideráv­el”, afirma o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis. Ele explica que, em geral, esses itens não costumam ser fornecidos pelo ministério —a responsabi­lidade por adquirir cabe aos hospitais.

O volume total de produtos a serem adquiridos não foi informado. A lista é composta por cerca de 20 itens, a maioria equipament­os de proteção individual, usados por profission­ais de saúde.

Segundo Gabbardo, a medida ocorre diante do receio de que haja falta de alguns deles no mercado nacional e para preparar a rede de saúde.

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