Missão com 4 aviões e médicos parte para buscar brasileiros
Senado aprovou projeto de lei para colocar viajantes em quarentena em Goiás
brasília Depois de dizer que não havia intenção de buscar os brasileiros em Wuhan, cidade chinesa que é o epicentro da epidemia de coronavírus, o governo enviou, nesta quarta-feira (5), duas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) para para trazer um grupo de 34 pessoas.
A justificativa dada depois foi a ausência de regras para quarentena no país, agora aprovadas em projeto de lei que já passou pelo Senado.
Dois aviões VC-2, que costumam ser usadas para transporte presidencial, decolaram por volta das 12h20 da Base Aérea de Brasília.
O grupo deve chegar à Wuhan na noite desta quinta(6), no fuso horário chinês. O retorno está previsto para ocorrer entre 2h e 6h de sábado (8).
Em Wuhan, os brasileiros passarão por exames e avaliação médica. Na chegada, eles devem passar por quarentena de até 18 dias em uma base militar em Anápolis, em Goiás.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta que os militares que participam da missão também ficarão de quarentena em Anápolis.
“O pessoal chegando, inclusive nosso pessoal da Força Aérea, mais de uma dezena de militares. Quando voltar também vão passar o carnaval em quarentena. Então, é responsabilidade acima de tudo trazendo esse pessoal de lá para cá”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
Além dos passageiros e da tripulação, também devem estar a bordo de cada aeronave uma equipe médica, para o caso de algum passageiro apresentar sintomas da infecção durante o voo, e militares capacitados para realizar missões do tipo DQBRN (defesa química, biológica, radiológica e nuclear).
A tripulação de cada voo é composta por 11 militares. Já a equipe médica é composta por sete pessoas, sendo seis médicos do Exército e um integrante do Ministério da Saúde em cada voo. O grupo fará um revezamento a bordo. Entre os integrantes, está uma infectologista que fala o idioma local. O custo da missão não foi informado.
Nesta quarta (5), o Senado aprovou o projeto de lei enviado pelo governo para colocar em quarentena brasileiros vindos da China.
O texto tramitou em regime de urgência, foi aprovado em votação simbólica e agora segue para sanção presidencial, o que deve acontecer até a manhã desta quinta-feira, segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Para dar celeridade à tramitação, o projeto não chegou a passar por nenhuma comissão. Foi relatado em plenário pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que manteve o texto vindo da Câmara.
O projeto 23/2020 define as medidas sanitárias a serem adotadas para impedir a disseminação do coronavírus no país, entre elas a quarentena e o isolamento de doentes.
O Ministério da Saúde pretende investir cerca de R$ 140 milhões para compra de máscaras, toucas, luvas e outros insumos como medicamentos em caso de necessidade devido ao novo coronavírus. O objetivo é reforçar os estoques da rede de saúde e evitar um cenário de falta desses materiais no mercado, em um contexto em que cresce a busca por máscaras de proteção.
“Será a primeira vez que o ministério faz uma aquisição dessas num volume considerável”, afirma o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis. Ele explica que, em geral, esses itens não costumam ser fornecidos pelo ministério —a responsabilidade por adquirir cabe aos hospitais.
O volume total de produtos a serem adquiridos não foi informado. A lista é composta por cerca de 20 itens, a maioria equipamentos de proteção individual, usados por profissionais de saúde.
Segundo Gabbardo, a medida ocorre diante do receio de que haja falta de alguns deles no mercado nacional e para preparar a rede de saúde.