Folha de S.Paulo

Com pouco mais de 1 mês, coronavíru­s já é a epidemia mais cara dos últimos 20 anos

- Cláudia Collucci

são paulo Com pouco mais de um mês, a epidemia do novo coronavíru­s já se tornou a mais cara do mundo dos últimos 20 anos. A estimativa é que ela custe à China, epicentro da infecção, cerca de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2020, o equivalent­e a US$ 62 bilhões (R$ 263 bilhões).

Segundo levantamen­to do LearnBonds, site econômico norte-americano, a epidemia já está mais dispendios­a em relação a outras anteriores que duraram anos e registrara­m mais mortes.

No ebola foram 11.323 mortes, com gastos de US$ 53 bilhões (R$ 224,8 bilhões). O vírus provocou vários surtos na África a partir de 2003, especialme­nte na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa.

Na gripe H1N1, terceira epidemia mais cara, foram 18.138 mortes e um custo estimado de US$ 20 bilhões (R$ 84,84 bilhões). O número total de afetados pela doença é desconheci­do, mas atingiu quase todas as regiões do globo entre 2009 e 2010. No Brasil, foram 968 mortes em 2009.

Até esta quarta (5), o vírus deixou ao menos 564 mortos e mais de 27 mil infectados.

Epidemias anteriores como a gripe aviária, a Sars (síndrome respiratór­ia aguda) e a Mers (síndrome respiratór­ia do Oriente Médio) também causaram pânico global, com impacto nas economias.

No período da análise, a gripe aviária foi responsáve­l por 407 mortes no mundo e deixou 701 pessoas infectadas. Ocorrida em 2006, atingiu 35 países e resultou em uma perda de US$ 40 bilhões (R$ 169 bilhões). No último dia 2, a China notificou o primeiro caso de gripe aviária do ano em uma região na fronteira com a província de Hubei.

A Sars também levou a uma perda de cerca de US$ 40 bilhões por vários anos entre 2000 e 2020. O número representa 0,5% do PIB. O maior surto ocorreu entre 2002 e 20023 no sul da China. O vírus resultou em 774 mortes em 17 países, com 8.098 infectados, a maioria chineses. Já a Mers foi responsáve­l por uma perda de US$ 10 bilhões (R$ 42,42 bilhões), com 2.000 pessoas infectadas e 720 mortes.

Segundo a publicação, as epidemias têm causado implicaçõe­s econômicas cada vez mais severas, daí a necessidad­e de se estabelece­r um mecanismo global para lidar rapidament­e com elas.

Todas as epidemias mencionada­s levaram ao fechamento de linhas aéreas, rotas marítimas e fronteiras de alguns países. Além disso, os bens de consumo tendem a ficar mais caros no decorrer desses surtos, o que dificulta o cresciment­o econômico dos países.

Segundo previsão conservado­ra da Oxford Economics baseada no impacto do coronavíru­s até agora, o cresciment­o econômico da China deve cair neste ano para 5,6%, abaixo dos 6,1% do ano passado,

Isso, por sua vez, reduziria o cresciment­o econômico global do ano em 0,2%, para uma taxa anual de 2,3%, o ritmo mais lento desde a última crise financeira global.

Segundo o economista do Banco Mundial Edson Araújo, epidemias globais de doenças afetam a atividade econômica, diminuindo a demanda (à medida que a renda pessoal, o investimen­to e as exportaçõe­s caem) e a oferta (produção agrícola diminui e as empresas em muitos setores fecham) e reduz a produtivid­ade.

Mundialmen­te, os impactos econômicos de pandemias graves foram estimados pelo Banco Mundial em cerca de US$ 3 trilhões.

Entre as recomendaç­ões do Banco Mundial para conter essas epidemias estão fortalecer a capacidade dos países para cumprir suas obrigações sanitárias e estabelece­r ligação eficiente dos sistemas de saúde a uma rede de vigilância e resposta a doenças. Leia mais sobre coronavíru­s na pág. B6, em Esporte

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