Seleção feminina de basquete disputa pré-olímpico em alta
Chegada do técnico José Neto e ouro no Pan renovam força da equipe nacional
são paulo A seleção brasileira feminina de basquete estreia no Pré-Olímpico Mundial vivendo seu melhor momento recente. O primeiro jogo será nesta quinta (6), contra Porto Rico, às 14h (de Brasília).
Após perder todos os jogos da fase de grupos na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e não se classificar para a última Copa do Mundo da modalidade, em 2018, a disputa por uma vaga nos Jogos de Tóquio parecia missão distante das possibilidades do Brasil.
Por isso, quando contratado em junho de 2019 para a assumir a equipe feminina nacional, o técnico José Neto, 48, vitorioso nos últimos anos no comando do time masculino do Flamengo, afirmou que pretendia implementar um trabalho de longo prazo.
O extenso processo de qualificação olímpica, porém, já estava batendo à porta. O primeiro desafio foi no início de agosto, nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em que as brasileiras conquistaram uma surpreendente medalha de ouro —a primeira desde 1991.
Na decisão, ao bater uma seleção reserva dos Estados Unidos,
as atletas ficaram emocionadas e foram às lágrimas.
Ainda no ano passado, elas terminaram na terceira posição da AmeriCup (derrotadas nas semifinais pelo Canadá) e bateram Argentina e Colômbia no torneio pré-olímpico regional para chegar ao classificatório internacional.
A Federação Internacional de Basquete (Fiba) dividiu 16 seleções em quatro grupos. A chave brasileira será disputada em Bourges, na França, com as anfitriãs, Austrália e Porto Rico. As três melhores garantem vaga em Tóquio.
“Posso dizer que evoluímos muito. Estamos jogando um basquete que nos permite ter expectativas altas. Hoje, estamos no nosso melhor momento, mas não quer dizer que atingimos nosso limite. É hora de saber se esse nosso melhor é o suficiente para conseguirmos uma vaga”, afirma à Folha José Neto.
O técnico é apontado como um dos grandes responsáveis pela evolução no jogo da equipe, antes desacreditada.
Das 12 convocadas por ele para o torneio, 10 atuam no Brasil. As exceções são os destaques da equipe: a ala/pivô Damiris Dantas, 27, e a pivô Erika, 37. Elas atuam nos Estados Unidos e na Espanha, respectivamente. A ala/pivô Clarissa, 31, também experiente e que joga na França, foi cortada por lesão nesta quarta (5).
Ela já estava lesionada, e sua permanência no grupo até o último momento foi também uma tentativa de esconder o time titular das adversárias.
Apesar de ser o primeiro trabalho de José Neto no feminino, ele conta não ter encontrado até o momento grandes dificuldades para se adaptar ao estilo de jogo das brasileiras.
“Atleta é uma palavra que não muda quando relacionamos ao gênero. Cada equipe tem sua cultura de trabalho, independentemente de ser masculina ou feminina. Trabalhei no Japão com uma equipe masculina que tinha sua cultura bem diferente do que vivi no Brasil, mesmo sendo do mesmo gênero. Portanto, a adaptação existe em cada mudança”, afirmou.
Como as australianas, atuais vice-campeãs mundiais, e as francesas, que terminaram na quinta posição em 2018, são as favoritas na chave, o peso do jogo de estreia contra Porto Rico é grande para as brasileiras. Uma vitória não garantirá vaga em Tóquio, mas as deixará muito perto disso.
“O primeiro erro que poderíamos cometer seria condicionarmos nossa classificação a uma vitória simplesmente. Este jogo é importante, mas não garante a classificação. Estamos nos preparando para jogar de igual para igual com as três equipes”, afirma.
De 2009 para cá, foram 6 vitórias brasileiras em 8 jogos contra as porto-riquenhas. Na última delas, pela disputa do terceiro lugar da AmeriCup, a diferença a favor do Brasil foi de 29 pontos.
Já contra as francesas, o país tem 1 vitória em 5 jogos desde 2000. Diante das australianas, 1 vitória em 11 desde 1998.
A seleção feminina foi ao pódio nos Jogos de Atlanta-1996 (prata) e Sydney-2000 (bronze). Agora, luta para não ficar fora de uma edição olímpica pela primeira vez desde 1992.
“Em nenhum momento condicionamos o trabalho à classificação. Disse, sim, que iríamos focar cada oportunidade que tivéssemos de deixar o Brasil em um patamar de excelência. Essa é uma oportunidade”, diz José Neto.
Na TV Brasil x Porto Rico
14h, SporTV 2