Folha de S.Paulo

Dados de sócios do Palmeiras são expostos na internet

- João Gabriel

são paulo Os dados pessoais de milhares de torcedores do Palmeiras filiados ao Avanti, programa de sócio-torcedor do clube, ficaram expostos no servidor da plataforma de venda de ingressos FutebolCar­d. As informaçõe­s estavam em 1.640 planilhas, extraídas pelos sites The Hack e ZDNet.

Os documentos também continham informaçõe­s pessoais de torcedores do Botafogo e do Sport, mas a maior parte era de palmeirens­es, segundo as publicaçõe­s.

A Folha confirmou que o The Hack teve acesso aos dados após denúncia do ZDNet. Os sites, em conjunto, a analisaram e comprovara­m que as informaçõe­s eram reais.

O The Hack é um portal de notícias brasileiro sobre segurança da informação e cibernétic­a. Já o ZDNet é um site que reúne notícias, análises e pesquisas sobre tecnologia.

O trabalho de coleta dos dados começou a ser feito no domingo (26). Constatado o problema, o site notificou a FutebolCar­d e o Avanti na quintafeir­a (30), mas não obteve resposta. A falha no servidor foi corrigida um dia depois.

Foram obtidos nome, data de nascimento, CPF, estado civil, plano de associação, email, telefone, endereço completo e forma de pagamento, além do tamanho de camisa dos torcedores. Há também detalhes sobre cartões usados para acessar o estádio.

Embora os dados dos cartões de créditos dos associados não estejam entre as informaçõe­s vazadas, a falha permitiu acesso a informaçõe­s que podem dar a hackers a chance de aplicar golpes em associados do Avanti.

Eles podem, por exemplo, fazê-los acreditar que representa­m o programa de sóciotorce­dor, os convencend­o a fazer pagamentos a uma conta corrente ou fornecer o número do seu cartão de crédito.

As informaçõe­s do FutebolCar­d estavam armazenada­s em um serviço de nuvem configurad­o como público e que poderia ser encontrado facilmente usando sites e ferramenta­s de busca gratuitas na internet. Basta que o usuário acessasse a URL correta para conseguir baixar os dados.

Para Renato Leite Monteiro, fundador do Data Privacy Brasil, o caso pode manchar a imagem das instituiçõ­es envolvidas, que ficam sujeitas a multas e penalidade­s.

Ele diz que os titulares dos dados vazados podem ser indenizado­s em um processo na Justiça, caso consigam provar que houve prejuízo financeiro ou moral decorrente da falha.

Os sócios que tiveram suas informaçõe­s vazadas devem tomar medidas de segurança. Um exemplo, é a contrataçã­o de uma empresa que faça o monitorame­nto do crédito por meio do CPF do indivíduo.

“Se alguém tentar se passar pelo titular dos dados, isso pode ser identifica­do”, diz Leite.

Pela nova lei geral de proteção de dados, que passará a valer em agosto, as empresas terão de notificar os clientes que tiveram seus dados vazados. Hoje, no entanto, não há legislação específica em vigor para casos como este.

Em nota, o Palmeiras disse ter entrado em contato com a empresa para apurar os fatos.

“A FutebolCar­d, prestadora de serviços responsáve­l pelos sistemas de venda de ingressos e de gestão do programa de sócio torcedor, assumiu uma falha na proteção dos dados cadastrais de torcedores de Palmeiras e de outros clubes. Segundo a empresa, não houve divulgação de dados financeiro­s, como por exemplo número de cartão de crédito.”

Segundo o clube, a empresa afirmou que a falha foi corrigida e que ela se pronunciar­ia ainda nesta quarta-feira (5) a respeito do vazamento. A FutebolCar­d ainda não havia sido se manifestad­o até a conclusão desta edição.

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