Folha de S.Paulo

Vaga-lumes estão ameaçados por perda de habitat, afirma estudo

- Ben Guarino Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

washington | the washington post Quase 2.000 espécies de vaga-lumes voam, rastejam e brilham ao redor do planeta. Alguns desses insetos vão bem, mas outros, nem tanto.

Uma pesquisa com 49 especialis­tas mundiais em vagalumes, publicada na segunda (3) na revista científica BioScience, identifico­u as ameaças mais graves a esses animais e constatou que perda de habitat é um problema em quase todas as regiões estudadas.

Entre as outras ameaças estão a luz artificial, que perturba os rituais de acasalamen­to desses animais, os pesticidas, que podem prejudicar os insetos ou suas presas invertebra­das, e a poluição da água, para as espécies que têm uma fase aquática.

O relatório não é um censo da população mundial de vaga-lumes, mas a primeira vez que são reunidas informaçõe­s sobre as ameaças mais importante­s para esses bichos em diferentes partes do mundo, segundo Sara M. Lewis, bióloga na Universida­de Tufts e autora do estudo.

“Na última década ou mais, as pessoas têm relatado que não veem mais vaga-lumes onde costumavam ver”, afirma. Existem bons dados de censo para algumas espécies, como os vaga-lumes síncronos da Malásia e as larvas de fêmeas da Europa, e sabe-se que essas populações estão, de fato, em declínio, diz a bióloga.

Vaga-lumes em árvore na Tailândia

Em outros lugares, contudo, a literatura sobre vaga-lumes permanece obscura, e a comunidade de pesquisado­res

é relativame­nte pequena, de acordo com Lewis.

O estudo foi “quase tão bom quanto” voltar no tempo para contar populações, segundo o entomologi­sta Marc Branham, da Universida­de da Flórida. Ele soube de muitos casos de vaga-lumes desapareci­dos.

“Nós praticamen­te tomamos como certo que os vagalumes estarão aqui para sempre”, afirma o naturalist­a Ben Pfeiffer, fundador da organizaçã­o sem fins lucrativos Firefly Conservati­on & Research e um dos especialis­tas em vaga-lumes pesquisado­s. “E estamos terrivelme­nte errados.”

Em 2018, a União Internacio­nal para a Conservaçã­o da Natureza criou o Firefly Specialist Group, copresidid­o por Lewis, para determinar se certas espécies desses insetos devem ser listadas como ameaçadas ou em perigo. “Isso é algo que nunca vimos acontecer com uma espécie de vagalume”, diz Christophe­r Cratsley, biólogo da Universida­de Estadual de Fitchburg.

A pesquisa representa um primeiro passo nesse processo, de acordo com Lewis.

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Radim Schreiber/Tufts University/AFP

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