Folha de S.Paulo

Visite mais lagos em San Martín e reze em Junín de Los Andes

- Ana Luiza Tieghi

san martín e junín de los andes Quem estiver em Bariloche durante os meses mais quentes pode aproveitar para conhecer outra cidade da região: San Martín de Los Andes, a 191 km, que também se beneficia com a falta de neve.

Chega-se até lá pela rota 40, rodovia que corta a Argentina de norte a sul. O trecho sinuoso é conhecido como Rota dos Sete Lagos. Há mirantes em cada um deles.

Quem não pretende ficar hospedado em San Martín pode fazer um bate-volta saindo de Bariloche.

A cidade tem cerca de 32 mil moradores —Bariloche tem 120 mil. Mesmo pequeno, o local também tem um grande lago, o Lácar, e uma estação de esqui, Chapelco.

O lago é a principal atração fora do inverno. O passeio de barco parte ao meio-dia e retorna perto das 18h30. O trajeto custa 2.700 pesos (R$ 189), mais 400 pesos (R$ 28) de taxa para entrar no Parque Nacional

Lanín.

A primeira parada é na vila de Quila Quina. Como a rota começa na hora do almoço, a sugestão é comer no restaurant­e que fica no píer. Lá, a empanada de carne custa 90 pesos (R$ 6,30).

Há mesas do lado de fora, mas não se assuste se aparecerem vacas na praia. É que na vila vivem descendent­es do povo indígena mapuche, que criam os animais.

Dá para comprar o trajeto de barco só até esse primeiro ponto, por 900 pesos (R$ 63). Há três saídas ao dia.

Depois do almoço, a próxima parada é a cachoeira Chachin, acessível por uma trilha de dois quilômetro­s em meio a um bosque. A queda d’água é estreita e desemboca em um rio cristalino.

A terceira parada é o restaurant­e e hotel Hua Hum, à beira do lago, isolado pela vegetação. A diária do chalé para quatro pessoas custa US$ 90 (R$ 381).

“Cobro em dólar senão fico louca”, diz Ines Llanbias, administra­dora do Hua Hum. Com a inflação alta na Argentina, o peso desvaloriz­a rapidament­e, o que obriga os comerciant­es a fazer remarcaçõe­s. “Em dólar, meu preço é o mesmo há anos.”

A 41 quilômetro­s de San Martín, fica Junín de Los Andes, cidade ainda menor, com cerca de 16 mil habitantes.

O local é ideal para prática de pesca esportiva de trutas. Como explica o secretário de turismo da cidade, Leonel Madeja, as águas transparen­tes da região permitem avistar o peixe e acompanhar sua trajetória.

A cidade também tem seu próprio lago, o Huechulafq­uen, com nome difícil e praia de areia grossa. Seu diferencia­l é a vista para o vulcão Lanín, uma montanha em forma de triângulo que fica coberta de neve o ano todo.

Além da pesca, Junín quer ser conhecida pelo turismo religioso. Desde 2000 há ali o Parque Via Christi, atração criada pela comunidade católica. É um calçadão sinuoso, morro acima, com 23 estátuas que representa­m momentos da vida de Jesus. A entrada custa 400 pesos (R$ 28).

As obras foram feitas ao longo dos anos pelo portenho Alejandro Santana, que vive em Junín há duas décadas.

Há também cenários com representa­ções de religiões indígenas, além do islã, judaísmo, xintoísmo e budismo. Personalid­ades históricas integram algumas cenas. Em uma delas, Jesus conversa com Madre Teresa de Calcutá e Martin Luther King.

Em meio às estátuas religiosas, há críticas a regimes totalitári­os e ao liberalism­o econômico. Em uma das cenas, um homem de terno e gravata, segurando um livro com a frase “lei do livre mercado” escrita na capa, tenta agarrar pelos bolsos uma pessoa que quer alcançar Jesus.

No ano passado, conta a guia do parque, Carolina Moreno, Alejandro Santana veio até o circuito e, “em um momento de fúria”, adicionou ao livro a sigla FMI (Fundo Monetário Internacio­nal).

Ao final do caminho há uma rampa em zigue-zague, com 1 km de extensão, que leva até o topo da montanha, onde está recostado o Cristo Luz, estátua com estrutura de metal e coberta de vidro.

A obra foi entregue em 2017 e tem 36 metros de compriment­o e 30 de largura —o Cristo Redentor, no Rio, tem 38 metros de altura.

A cabeça da estátua é oca e forma um anfiteatro, onde acontecem apresentaç­ões musicais em datas religiosas.

A depender do secretário de turismo, o complexo da Via Christi seria maior. “Meu sonho é colocar uma tirolesa, atrair jovens”, diz. Outro plano é construir um restaurant­e perto da cabeça de Cristo.

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