Siga roteiro para gastar pouco em Buenos Aires
Câmbio favorável, passeios gratuitos e comida barata facilitam a vida de turista brasileiro na capital argentina
A capital argentina se tornou um destino bom para o bolso dos brasileiros — hoje um real vale cerca de 14 pesos. Além do câmbio favorável, um roteiro com passeios gratuitos ou de baixo custo, que extrapola o circuito turístico tradicional, pode ajudar a economizar ainda mais.
Entre Puerto Madero e o rio da Prata, fica a Reserva Ecológica Costanera Sur, a maior área verde da cidade, com 3,5 quilômetros quadrados.
Ali, portenhos correm e andam de bicicleta, e grupos de turistas, carregados de binóculos e câmeras, caminham à procura de pássaros. Pantanosa, a região é uma zona de migração de aves, com 334 espécies catalogadas.
O parque, aberto de terça a domingo, oferece visitas guiadas gratuitas. Uma delas é noturna, toda sexta às 20h. Para participar, é preciso mandar um email para visitasguiadas_ recs@buenosaires.gob.ar, na segunda anterior ao passeio. As inscrições abrem às 8h e se esgotam rapidamente.
San Telmo é outro lugar que merece ser explorado, além da famosa feira de antiguidades realizada na Plaza Dorrego aos domingos.
No bairro, está o Museo de Arte Moderno, que fica em um prédio de estilo industrial inglês, onde já foi uma fábrica de cigarros. Com um acervo de 7.000 obras, o museu é dedicado às vanguardas artísticas, com destaque à produção argentina de 1940 a 1960.
A entrada custa 50 pesos (R$ 3,49). Às quartas, a visita é gratuita e, às terças, a atração fica fechada.
Perto dali, em um dos casarões mais antigos do bairro, funciona a Pulperia Quilapán, uma mistura de restaurante, bar e mercearia.
A construção está registrada como sendo de 1860, mas uma de suas paredes data de 1720. O local já foi um cortiço, onde viviam famílias de imigrantes, afirma o proprietário, o francês David Boree.
A casa oferece uma aula de como preparar a empanada salteña, com recheio de carne, batata, ovo e cebola. Há também opções vegetarianas.
Cada aluno, guiado pelo cozinheiro venezuelano Rafael Anzola, monta duas empanadas. No final, todos degustam suas obras-primas.
A experiência custa 550 pesos (R$ 38,44) e inclui uma taça de vinho da casa, produzido no próprio restaurante —as uvas são compradas em Mendoza e amassadas ali.
É possível fazer a aula às quartas e sextas, a partir das 17h. O agendamento deve ser feito pelo email reserva@pulperiaquilapan.com, com uma semana de antecedência.
Outro prédio histórico de San Telmo é o que abriga a Fundación Mercedes Sosa. Construído no século 18, já foi casa da Companhia de Jesus, hospital, colégio, depósito de armas e presídio.
No sábado à noite, o pátio do centro cultural se ilumina com o espetáculo Al Ver Verás. Artistas fazem projeções nas paredes acompanhados por uma banda que homenageia Mercedes Sosa (1935-2009), uma das cantoras argentinas mais conhecidas. O show começa às 22h30, e o ingresso custa 500 pesos (R$ 34,95).
Ao anoitecer, também vale caminhar pela avenida Corrientes, que cruza os bairros de San Nicolás, Balvanera, Almagro, Villa Crespo e Chacarita.
Ao longo dela funcionam teatros, cinemas, cafés e livrarias que ficam abertas até de madrugada. Há pouco menos de um ano, um trecho da via passou a ser reservado apenas para pedestres, das 19h às 2h.
No número 1.368, fica a Güerrin, uma das mais tradicionais pizzarias de Buenos Aires, fundada em 1932 por imigrantes genoveses.
Ali, é possível comer sentado à mesa ou em pé no balcão. Um fatia de muçarela, com massa grossa, sai por 65 pesos (R$ 4,54). Um costume dos portenhos é colocar sobre a pizza um pedaço de fainá, massa feita de grão-de-bico. O acréscimo custa 25 pesos ou R$ 1, 74.
Outro prato típico argentino, o choripán (sanduíche de linguiça), é servido em diferentes versões na lanchonete Chori, com duas unidades na cidade, uma delas em Palermo e a outra em Colegiales —antigo bairro fabril que vem sendo revitalizado.
A repórter visitou a última, localizada em uma casa com decoração industrial e mesa de pingue-pongue no terraço, na avenida Dorrego, 1.681,
O sanduíche tradicional, com chimichurri, custa 230 pesos (R$ 16,07). No cardápio, há oito versões do lanche que saem por 260 pesos (R$ 18,17), caso do Chorichanga, com coentro, abacaxi, pimenta jalapeño e molho de soja.
Dali, é só atravessar a rua para chegar ao Mercado de las Pulgas, onde são vendidos sobretudo utensílios domésticos usados e restaurados. Na fachada, dezenas de artistas urbanos apresentam suas obras.
Vale caminhar pelo bairro arborizado em direção a Palermo. Boas opções de paradas são as livrarias Eterna Cadencia (rua Honduras, 5.574) e Libros del Pasaje (rua Thames 1.762) —esta fica perto da outra unidade da Chori.