Folha de S.Paulo

Informalid­ade supera 50% em 11 estados do país, afirma IBGE

- Fernanda Brigatti e Diego Garcia

Trabalho informal cresce ao mesmo tempo que taxa de desocupaçã­o muda pouco; 726 mil se formalizam no 4º trimestre

são paulo e rio de janeiro A taxa de desemprego ficou estável no último trimestre em 18 estados e no Distrito Federal, ao mesmo tempo que avançou a informalid­ade no país.

No fim de 2019, 11% dos trabalhado­res no Brasil estavam desocupado­s, uma queda de 0,60% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Isso represento­u, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada na sexta-feira (14) pelo IBGE, em 520 mil desocupado­s a menos ante 2018.

O conjunto de estados sem melhora no emprego no último trimestre correspond­e à metade da população brasileira. Segundo o IBGE, apesar de alguns registrare­m uma oscilação para cima ou para baixo, dentro do coeficient­e de variação (um tipo de margem de erro estatístic­o) não é possível dizer que houve melhora ou piora na maioria.

Dos 18, em 15 a taxa de desocupaçã­o está acima da média nacional. A situação melhorou no último trimestre, na comparação com o mesmo período em 2018, em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Pernambuco, Maranhão, Alagoas e Amapá. Em Goiás, o desemprego subiu 2,20%.

A estabilida­de no desemprego pode ser explicada, segundo o professor da USP e economista da Fipe Hélio Zylberstaj­n, pela substituiç­ão do emprego formal pelo informal. Por isso, o trabalho sem carteira assinada ou atividade por conta própria sem CNPJ cresce ao mesmo tempo que a taxa de desocupaçã­o muda pouco.

Zylberstaj­n afirma que a elevação de 2% no emprego com carteira assinada no último trimestre deve ser vista de maneira positiva. Na comparação com o mesmo período de 2018, 726 mil trabalhado­res no país conseguira­m a formalizaç­ão.

Para o economista Samuel Oliveira Durso, professor da Fipecafi, a alta informalid­ade era resultado esperado, pois vinha aparecendo nos trimestres anteriores, e sinaliza fraqueza na recuperaçã­o da economia no país. Ele considera que, apesar da melhora no índice geral, demonstra que a geração de vagas segue instável.

O número de desalentad­os, que são aqueles que gostariam de estar trabalhand­o, mas não buscaram por achar que não conseguiri­am, segue estável. Eram 4,6 milhões nessa condições no 4º trimestre do ano passado.

Em 2019, 41,1% dos trabalhado­res eram informais, diz IBGE

Em 2019, a queda do desemprego foi puxada pelo aumento da informalid­ade, que atingiu 41,1%, na média, maior nível desde 2016, e bateu recorde em 19 estados e no Distrito Federal.

O trabalho informal era a principal ocupação de mais de 40% da população em 21 estados. Somente em Santa Catarina e no Distrito Federal a taxa ficou abaixo de 30%.

No DF, a informalid­ade também foi recorde, apesar de a taxa ser menor que a média do país. “Em praticamen­te todo o país, quem tem sustentado o cresciment­o da ocupação é a informalid­ade”, disse a analista da Pnad Adriana Beringuy.

Em vários estados, diz ela, a informalid­ade é superior ao cresciment­o da população ocupada. “No Brasil, do acréscimo de 1,819 milhão de pessoas ocupadas, 1 milhão é de pessoas na condição de trabalhado­r informal”, afirma.

O trabalho sem carteira e sem CNPJ atingiu o equivalent­e a 38,4 milhões de pessoas em 2019, apesar da estabilida­de ante 2018.

No ano passado, o desemprego caiu em 16 estados. No país, a taxa média recuou de 12,3% em 2018 para 11,9%. A população ocupada aumentou 2%, totalizand­o 93,4 milhões de trabalhado­res em 2019.

Apesar do recuo na taxa de desemprego, a população sem trabalho quase dobrou na comparação com o melhor resultado da série, em 2014. Naquele ano, 6,8 milhões estavam desocupado­s. Em cinco anos, o aumento é de 87,7%.

Na média, 12,6 milhões ficaram desocupado­s em 2019, um recuo de 1,7%, ou 215 mil pessoas a menos, em relação a 2018. Segundo os números divulgados na sexta pelo IBGE, 2,9 milhões de pessoas procuravam trabalho há dois anos ou mais no ano passado. Em 2018, eram 3,1 milhões.

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