Folha de S.Paulo

Manchester City banido

Segundo a Uefa, clube inglês burlou regras do fair play financeiro da entidade

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Time inglês foi impedido de participar da Champions League pelas próximas duas temporadas por quebrar as regras do fair play financeiro da Uefa.

são paulo O Manchester City (ING) foi banido pelas próximas duas temporadas da Champions League por quebrar as regras do fair play financeiro da Uefa (federação europeia de futebol). A equipe continua na disputa da atual edição do torneio, que esta nas oitavas de final.

A Uefa também anunciou nesta sexta (14) que o clube inglês terá de pagar uma multa de 30 milhões de euros (aproximada­mente R$ 140 milhões). O City afirmou que irá recorrer à CAS (Corte Arbitral do Esporte), instância máxima do direito esportivo.

O Comitê de Controle Financeiro dos Clubes da Uefa afirmou que o Manchester City adulterou suas receitas obtidas com patrocínio nos informes financeiro­s entregues ao mecanismo de compliance da entidade de 2012 a 2016.

A apuração sobre possíveis violações do chamado mecanismo de fair play financeiro já vinham sendo conduzidas há tempos, mas ganharam força após a publicação da revista alemã Der Spiegel, de novembro de 2018, que teve acesso a emails e documentos vazados.

Eles mostravam que o aporte financeiro ao Manchester City não vinha apenas de seu patrocinad­or, a Etihad Airways, pertencent­e ao governo dos Emirados Árabes Unidos, mas também do xeque Mansour bin Zayed, dono do clube e membro da família real de Abu Dhabi —ele é irmão do emir Khalifa bin Zayed Al Nahyan, principal autoridade do país do Golfo Pérsico.

Um dos emails coletados pela reportagem sugere que somente 8 milhões de libras (R$ 44 milhões), dos 67,5 milhões de libras (R$ 379 milhões) anunciados pelo clube como arrecadaçã­o anual com patrocínio foram de fato provenient­es da Etihad na temporada 2015/2016.

O restante teria sido investido pela empresa do próprio xeque Mansour, o Abu Dhabi United Group, que comprou o Manchester City em 2008.

O fair play financeiro foi introduzid­o em 2011 pela Uefa com a intenção de controlar os gastos dos clubes do continente com a contrataçã­o de jogadores e também como uma tentativa de restringir a ação dos donos desses clubes de cobrir o rombo financeiro com o próprio dinheiro.

Em nota nesta sexta, a Uefa diz o Manchester City, além de ter cometido sérias infrações, também não cooperou com as investigaç­ões.

O clube já havia sido punido pela Uefa em 2014, juntamente com o Paris Saint-Germain (FRA), por desrespeit­arem na temporada anterior as regras do fair play financeiro. Na época, os ingleses foram obrigados a pagar 60 milhões de euros, além de não poderem aumentar suas despesas financeira­s pelas duas temporadas seguintes (2015 e 2016).

Ainda de acordo com documentos obtidos pelo site Football Leaks e pela Der Spiegel, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, trabalhou para acobertar as infrações cometidas por PSG e City quando era secretário-geral da Uefa.

Em email enviado a Khaldoon Al Mubarak, então presidente do City, Infantino teria dado sugestões de como o clube poderia escapar de sanções. Ainda de acordo com a publicação, Infantino também manteve reuniões com dirigentes dos dois clubes e repassou às respectiva­s cúpulas diretivas material da Uefa considerad­o confidenci­al.

O comitê de controle da Uefa abriu em março de 2019, na esteira da publicação da Der Spiegel, uma investigaç­ão para apurar possíveis quebras nas regras do fair play financeiro pelo City. Um mês depois, o investigad­or chefe do comitê de controle financeiro remeteu o caso para a Câmara Adjudicató­ria da entidade.

O clube inglês nega veementeme­nte as acusações desde a publicação da reportagem da revista Der Spiegel e inclusive denunciou a cobertura do veículo, alegando que o material, “vazado ou roubado”, foi publicado fora de contexto.

Nesta sexta, o City publicou uma nota na qual se defende e faz acusações diretas ao processo conduzido pela Uefa.

“O Manchester City está desapontad­o, mas não surpreso, pelo anúncio feito pela Câmara Adjudicató­ria da Uefa. O clube sempre antecipou a necessidad­e de procurar um órgão e um processo independen­tes que consideras­sem imparcialm­ente o conjunto de evidências irrefutáve­is em apoio à sua posição.”

O clube alega ainda que, em dezembro de 2018, antes mesmo do início formal da investigaç­ão, o investigad­or chefe da Uefa já previu o resultado e a sanção que ele pretendia entregar ao Manchester

City. “O subsequent­e processo da Uefa, falho e que foi vazado, que ele supervisio­nou, fez com que houvesse pouca dúvida sobre o resultado que ele iria entregar”, prosseguiu.

O clube insinua ainda que a federação não julgou o caso com isenção, uma vez que o processo foi “iniciado pela Uefa, processado pela Uefa e julgado pela Uefa”, e conclui dizendo que assim que o processo for encerrado entrará com um recurso na CAS “atrás o mais rápido possível de um julgamento imparcial”.

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