Membros da Lava Jato são réus em ação sobre outdoor no PR
curitiba | uol Procuradores da Lava Jato terão que explicar na Justiça se têm relação com um outdoor em homenagem à operação na região metropolitana de Curitiba.
Treze membros e ex-membros da força-tarefa tornaramse réus de uma ação popular que busca esclarecer quem são os responsáveis pela placa.
A propaganda foi posta numa via de acesso ao aeroporto Afonso Pena em março de 2019, quando a Lava Jato completou cinco anos, e tem fotos de integrantes e a frase “Bemvindo à República de Curitiba, terra da Lava Jato, a investigação que mudou o país”.
Os procuradores (incluindo Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Paraná) foram citados pela Justiça Federal em janeiro. Até agora, ninguém se manifestou.
A força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná disse que “atuais membros” não tiveram relação com o outdoor e “se pronunciarão nos autos em momento oportuno”.
A Outdoormidia, que instalou a placa, também foi citada. O advogado da companhia não respondeu à reportagem.
O professor de direito público da Universidade de Brasília Marcelo Neves é um dos autores da ação. Ele é representado pelo Caad (Coletivo de Advogadas e Advogados pela Democracia).
Para ele, há indícios que o procurador Diogo Castor, que deixou a Lava Jato dias após a instalação, pagou pela placa.
Mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil apontam que Castor confessou a então colegas ter pago pela propaganda. Depoimento à PF de um hacker reforça a suspeita.
Os autores pedem que os procuradores sejam condenados a não fazer mais propaganda e que seja explicado como a placa foi contratada.
A corregedoria do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) também apura o caso. O processo corre sob sigilo, a pedido de Castor.
O STF (Supremo Tribunal
Federal) também já pediu informações em inquérito sigiloso que apura fake news.
Nesse inquérito, a Outdoormidia informou que o contratante foi o músico João Carlos Queiroz Barbosa, que já disse não ter pago pela placa.
Em julho de 2019, Barbosa informou o uso indevido de seu nome. A Polícia Civil disse que ainda apura o caso.
A ação foi proposta em agosto. O juiz Marcus Holz decidiu que a ação não deveria tramitar na Justiça Federal. Os autores recorreram.
O juiz federal Ricardo do Valle Pereira, em decisão liminar, em dezembro, determinou que o processo voltasse à 3ª Vara Federal de Curitiba.
Depois da decisão, os procuradores viraram réus da ação popular e a Justiça Federal mandou citá-los.