Folha de S.Paulo

Coletivo cobra do Twitter exclusão de ofensas a repórter da Folha

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são paulo O coletivo Jornalista­s Contra o Assédio lançou nesta sexta-feira (14) um abaixo-assinado para pedir ao Twitter explicaçõe­s sobre o que a plataforma “entende por discurso de ódio”.

A motivação foram postagens que difamam a repórter da Folha Patrícia Campos Mello. No documento, as jornalista­s pedem que a plataforma “retire imediatame­nte de circulação material dessa natureza e colabore com a responsabi­lização dos autores de contas destinadas a esse fim”.

Segundo o texto, “foram inúmeras as denúncias” de conteúdos feitas na própria rede por internauta­s —às quais o Twitter teria respondido que não ferem as suas regras.

O abaixo-assinado traz exemplos. Um deles é uma postagem de Allan dos Santos, do canal Terça Livre.

Na manhã de quarta-feira (12), dia seguinte ao depoimento de Hans River do Nascimento na CPMI das Fake News, ele publicou montagem em que uma mulher se debruça na janela de um carro e conversa com um homem.

Na imagem, que simula uma cena de prostituiç­ão, a mulher usa um vestido estampado com a estrela do PT. No lugar do rosto está o logo da Folha.

“Até quando o Twitter Brasil vai compactuar com discursos de ódio e prática explícita de assédio contra jornalista­s, afirmando que ‘não violam as regras de conteúdo’? Esse tipo de afirmação, quando uma jornalista foi atacada milhões de vezes, é um desrespeit­o à classe jornalísti­ca e às mulheres. É um desrespeit­o, em resumo, aos valores democrátic­os de um país”, afirma o documento.

Em depoimento na terça (11) à comissão de inquérito, Hans River, ex-funcionári­o de uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, mentiu e insultou a jornalista.

Sem apresentar provas, ele afirmou que Campos Mello queria “um determinad­o tipo de matéria a troco de sexo”, declaração repercutid­a pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais.

Em nota, o Twitter afirmou que tem regras sobre conteúdos e comportame­ntos permitidos e que, no caso citado, já foram tomadas medidas em relação a algumas publicaçõe­s; outras estão em revisão.

“O Twitter condena comportame­ntos que intimidem ou tentem silenciar vozes, e nosso trabalho para evitar que isso aconteça está em constante aprimorame­nto. Temos avançado em algumas frentes (..), mas sabemos que ainda há muito a ser feito”, diz a nota.

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