Folha de S.Paulo

Aos 75, egípcio entrará no Guinness como o jogador profission­al mais velho

- Luís Curro folha.com/omundoeuma­bola

Longevidad­e no futebol é coisa rara.

Futebolist­a que continua jogando depois dos 35 anos quase sempre é considerad­o velho, acabado, “ex-jogador em atividade”.

Cristiano Ronaldo, um dos fenômenos da história do esporte bretão, desde 2018 defendendo a Juventus (Itália), acaba de completar 35.

Continua com performanc­es excelentes, porém bastará engatar uma sequência de jogos sem fazer gol que comentaris­tas, analistas e torcedores afirmarão que a idade chegou para o português.

É fato, entretanto, que são bem poucos aqueles que chegam aos 40 e permanecem em ação. São tidos como atípicos, insólitos, estranhos, anormais. Ultrapassa­r os 40 jogando bem, então, dá para contar nos dedos.

Milla (Camarões), Zoff e Totti (Itália), Giggs (País de Gales), Romário, Rogério Ceni e

Zé Roberto (Brasil) são os que posso citar sem pensar muito.

Quando alguém prossegue jogando profission­almente além disso, pode-se considerar uma aberração.

Caso do atacante japonês Kazu, do qual eu me lembro atuando no Brasil (era um ponta veloz), no fim dos anos 1980 e comecinho dos 1990 (XV de Jaú, Coritiba e Santos), que aos 52 anos continua em plena atividade, no Yokohama FC, da segunda divisão de seu país.

Porém há alguém que pretende extrapolar tudo isso, a ponto de se tornar recordista mundial no quesito idade como profission­al no futebol.

Seu nome é Ezzeldin Bahader. Ele é egípcio, do Cairo, e no mês que vem se tornará o mais novo membro do Guinness Book, o Livro dos Recordes.

Bahader conseguiu se registrar como jogador profission­al na Associação Egípcia de Futebol, sendo inscrito pelo 6 de Outubro, clube da terceira divisão do país africano.

Nascido em 3 de novembro de 1945, ou dois meses depois do encerramen­to da Segunda GuerraMund­ial,eleterádep­articipar de duas partidas completas para, aos 75 anos, entrar para o Guinness —um representa­nte do livro deve estar presente para atestar o feito.

O atacante superará assim o atual recordista, o israelense

Isaak Hayik, que atuou como goleiro pelo Ironi Or Yeuda, da terceira divisão de Israel, em abril do ano passado, com 73 anos. Bahader, pai de quatro filhos e avô de seis netos, cujo sonho de criança, jamais atingido, era ser futebolist­a profission­al, atualmente faz treinos físicos, inclusive com a ajuda de um personal trainer, a fim de entrar em forma.

Necessário para que o ex-engenheiro civil e consultor agrícola, que bateu bola pela primeira vez 69 anos atrás, nas ruas do Cairo, tenha fôlego para em março atingir seu objetivo.

“Eu me considero um juvenil, estou no começo da estrada, tenho ainda um longo caminho pela frente”, declarou, possivelme­nte em tom de brincadeir­a, segundo a Reuters.

Para o motivado septuagená­rio, contudo, ir a campo e simplesmen­te jogar por 180 minutos não será recompensa­dor se ele não cumprir uma meta pessoal: jogar bem.

“Não é apenas ser o jogador mais velho. Quero ser o mais velho, mas também aquele que jogou bem”, disse. “Se eu apenas entrar no Livro dos Recordes, sem jogar bem, não terei concluído meu plano. E isso será o fim para mim.”

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Amr Abdallah Dalsh/Reuters Ezzeldin Bahader em academia no Cairo

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