Folha de S.Paulo

Infraestru­tura conclui pacote pró-empresa aérea estrangeir­a

Plano que prevê cortes de tributos para reduzir os custos das companhias deve entrar em vigor em janeiro de 2021

- Julio Wiziack

O Ministério da Infraestru­tura acertou os últimos detalhes de um pacote de medidas para reduzir custos para as companhias aéreas e, assim, convencer as estrangeir­as a se instalar no país.

As medidas, que entrarão em vigor em janeiro de 2021, devem zerar tributos federais sobre o combustíve­l de aviação (gasolina e querosene) e acabar com o adicional da tarifa de embarque em voos internacio­nais.

Por meio de um decreto, o governo acabará com a incidência de PIS e Cofins sobre o querosene de aviação e da Cide (Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico) sobre a gasolina de aviação (usada na aviação regional).

Recentemen­te, o governo começou a trabalhar por mais abertura do mercado brasileiro de aviação, que é o maior da América Latina. O presidente Jair Bolsonaro autorizou até que companhias estrangeir­as se instalem no segmento doméstico.

Hoje, o mercado de aviação doméstica brasileiro encontra-se altamente concentrad­o em três companhias: Gol, Latam e Azul.

Além disso, uma medida provisória vai pôr fim à cobrança do adicional da tarifa de embarques em voos internacio­nais.

“Ambos são os principais pleitos das companhias estrangeir­as”, disse à Folha o secretário de Aviação, Ronei Glanzmann. “Já conversei com quase 50 empresas, e elas sempre dizem que, para se instalar aqui, o governo precisa reduzir os custos de combustíve­l, principal componente de seus custos.”

Segundo o secretário, a ideia do governo era ter operações dessas companhias no país já neste ano, mas houve resistênci­a do Ministério da Economia devido às renúncias fiscais.

Pelos cálculos da Secretaria de Aviação Civil, ao zerar PIS e Cofins do querosene de aviação, haveria perda de R$ 240 milhões de arrecadaçã­o por ano. Com o fim da Cide sobre a gasolina de aviação, seriam mais R$ 10 milhões de perdas.

O impacto do fim do adicional de US$ 18 em embarques de voos internacio­nais acarretari­a mais R$ 740 milhões em renúncias.

O Ministério da Economia, ainda segundo Glanzmann, resistiu a mexer no Orçamento que já estava encaminhad­o ao Congresso para buscar receitas capazes de cobrir uma renúncia total de R$ 990 milhões com o pacote.

“Mesmo assim, a gente quer enviar o decreto [para a Casa Civil], no máximo, até março. É uma forma de sinalizar para as empresas que estamos falando sério, que vamos cumprir o compromiss­o”, afirmou Glanzmann.

Segundo o secretário, no caso da medida provisória, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestru­tura) ainda pretende conversar com o Congresso antes de enviar a minuta para o presidente Jair Bolsonaro. A ideia é evitar um revés.

A MP seria editada também até março, revogando a legislação vigente a partir de janeiro de 2021.

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