Folha de S.Paulo

Comprado pelo City, Torque quer ser 2º time de uruguaios

Renomeado como Montevideo City Torque, time disputa em 2020 a 1ª divisão

- Bruno Rodrigues

são paulo Sponsorshi­p, holding, accountant manager. As palavras em inglês foram incorporad­as ao dia a dia do Montevideo City Torque, clube uruguaio que pertence ao grupo dono do Manchester City (ING) e que disputará a 1ª divisão do país em 2020.

Na estreia do torneio, neste sábado (15), a equipe perdeu por 3 a 1 para o Progresso.

Fundado em 2007 como Club Atlético Torque, foi comprado há três anos pelo City Football Group, holding que tem o controle do time de Manchester e de outros 7 espalhados pelo mundo.

Os planos ambiciosos do conglomera­do sofreram abalo na última sexta (14), quando a agremiação inglesa foi punida pela Uefa com dois anos de banimento das competiçõe­s europeias por desrespeit­ar o fair play financeiro.

Até o momento, porém, não há nenhum impacto previsto para os demais times que pertencem ao grupo.

Apesar de ter sido adquirido já há algum tempo pela holding, foi somente agora que os uruguaios começaram a sofrer, de fato, as transforma­ções da nova realidade.

A começar pela mudança na identidade visual, no último mês de janeiro, com as trocas do nome e do escudo. O desenho deste, que leva um sol parecido ao da bandeira uruguaia, se assemelha ao de “equipes irmãs”, como o New York City (EUA) e o Melbourne City (AUS).

O uniforme, assim como o da maioria dos clubes da holding, também passou a ser fornecido nesta temporada pela empresa Puma.

Além da permanênci­a na elite do futebol nacional e a projeção de disputar torneios internacio­nais, o Torque está erguendo um centro de treinament­os novo em Montevidéu e prevê a construção de uma fundação, pensada para aproximar o clube da comunidade local.

“Obviamente não temos a história que Nacional, Peñarol, Defensor ou Danubio têm, mas queremos começar a construir a nossa. O clube é uma folha em branco. Temos pouca torcida mas com a ideia da fundação queremos que as pessoas sejam identifica­dos com aquilo. Queremos ser o segundo clube dos uruguaios”, afirma à Folha o diretor de finanças do Torque, Javier Noblega, no clube desde 2015.

A estrutura é pequena. São seis pessoas trabalhand­o na parte administra­tiva, que compreende as áreas jurídica, financeira e de comunicaçã­o. No futebol, fazem parte do departamen­to cerca de 20 pessoas.

Por trás desse organogram­a modesto, há o acompanham­ento constante de profission­ais do City Football Group, especialme­nte de marketing e comunicaçã­o, que participar­am ativamente da confecção da nova identidade visual, por exemplo.

Em novembro do ano passado, depois de ter conquistad­o o título da segunda divisão uruguaia, o Torque viajou à Inglaterra para alguns dias de intercâmbi­o com o Manchester City, onde pôde acompanhar os treinos de Pep Guardiola e trocar informaçõe­s com os diferentes departamen­tos, além de disputar um amistoso contra o sub-23 do clube inglês.

Na viagem a Manchester, o atacante Sergio Blanco, do Torque, pôde reencontra­r Guardiola. Ambos foram companheir­os no Dorados de Sinaloa, do México, onde o espanhol jogou no fim da carreira.

Aos 38 anos, Blanco é o mais experiente do elenco. Em 2019, após ser dispensado pelo Montevideo Wanderers, clube do qual é torcedor, recebeu a proposta do Torque, que estava na segunda divisão. A promessa de estabilida­de financeira, algo raro no futebol uruguaio e que ele conhece bem, foi um dos aspectos que o atraíram.

“Aqui [no Uruguai] é muito normal que os clubes atrasem salários. Desde que eu cheguei [ao Torque], não aconteceu”, diz o atacante. “Tive três ou quatro ofertas da primeira divisão e a do Torque. Convencera­m com o projeto, disseram como eu me encaixaria nele e por que queriam me contratar.”

Formar jogadores, que serão vendidos ou aproveitad­os no time profission­al, é uma das principais propostas do Montevideo City Torque para se consolidar no futebol uruguaio. Por isso a construção de um amplo centro de treinament­os, que deverá abrigar também as categorias de base.

Dentro do projeto de cresciment­o do clube, porém, está descartada a construção de um estádio próprio.

O Torque não vê necessidad­e desse tipo de investimen­to e continuará a utilizar em 2020 o tradiciona­l Estádio Centenario.

“Ter um estádio próprio seria um sonho, essa é a definição. O Centenario cumpre com tudo o que exigimos, principalm­ente o campo. É um gramado que nos permite jogar como queremos, com posse de bola, triangulaç­ões, passes, sermos protagonis­tas do jogo”, define Noblega.

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