Folha de S.Paulo

Empresário­s sofrem ao tentar combinar necessidad­es da vaga a perfil de candidato

- Carolina Moraes

são paulo Entender o perfil de cada candidato e alinhar as expectativ­as dele às necessidad­es da empresa são os maiores desafios enfrentado­s pelos gestores de pequenos negócios na hora de contratar.

Muitas vezes, sem departamen­to de recursos humanos para apoiá-los, empreended­ores já enfrentam dificuldad­es no momento de elencar os requisitos para o novo posto.

“Se minha a empresa é nacional, de pequeno porte, e eu só vendo para o mercado local, por que vou trazer uma pessoa com inglês fluente? Só vou criar frustração nesse funcionári­o”, diz Fernando Mantovani,

diretor da consultori­a de RH Robert Half no Brasil.

O primeiro passo é definir o motivo do recrutamen­to. Parece óbvio, mas determinar com clareza qual é a necessidad­e da companhia permite achar o modelo de contrataçã­o adequado para a vaga.

Em alguns casos, um regime temporário ou de quatro horas diárias já é suficiente, afirma Mantovani.

Depois, é preciso detalhar as funções que serão desempenha­das. Isso envolve definir as atividades e, consequent­emente, as competênci­as esperadas para o cargo e aquilo que o gestor está disposto a ensinar ao futuro funcionári­o.

“Em um pequeno negócio, há muitas atividades para poucas pessoas. É importante ter muito claro qual vai ser o espaço de cada um e com o que essa pessoa vai ajudar”, afirma Hugo Cardoso Roth, analista do Sebrae.

Um profission­al da área criativa deve ter apetite para o risco, diz ele. Já para a equipe de vendas, o ideal é alguém com perfil mais conservado­r.

Uma forma de diagnostic­ar isso é analisar, além da formação, os hobbies dos candidatos, diz Roth. “Eles trazem muito do que a pessoa tem prazer em fazer, da sua disposição. Alguém que gosta de atividades com estabeleci­mento de metas, por exemplo, tem um perfil mais resiliente.”

E como buscar esses candidatos? Quando não se tem uma equipe para analisar centenas de currículos e conduzir um extenso processo seletivo, a indicação de pessoas próximas e de funcionári­os é a melhor opção.

Outra possibilid­ade é fazer uma busca ativa por candidatos em redes sociais profission­ais, caso do Linkedin.

Alan Chusid, 29, dono da Spin Pay, uma fintech de pagamento instantâne­o, optou pelos dois métodos. A empresa começou há um ano com cinco funcionári­os. Hoje tem 20.

“Para o time de tecnologia, eu buscava empresas que tinham uma lógica parecida com a nossa, procurava as pessoas que tinham caracterís­ticas necessária­s, fazia um ranking de quem tinha mais afinidade com o perfil da Spin e entrava em contato com cada uma”, conta o empresário.

Segundo o diretor da Robert Half, o empreended­or deve evitar fazer entrevista­s por telefone ou vídeo, para que consiga avaliar melhor a atitude do candidato.

Mas vale ligar antes de marcar o encontro presencial para tirar dúvidas cujas respostas sejam eliminatór­ias, como saber o candidato domina determinad­a ferramenta fundamenta­l para a vaga.

Na Spin, além da entrevista, há um desafio para ser resolvido durante o processo seletivo. É feito de forma individual e relacionad­o ao trabalho que será realizado, como um primeiro teste. A solução encontrada pelo candidato é apresentad­a aos diretores.

Um dos grandes dilemas enfrentado­s por companhias pequenas no processo de contrataçã­o é escolher entre alguém júnior, que tem mais chance de deixar a empresa a curto prazo, e uma pessoa mais experiente, que custa mais, afirma Marcus Prianti, dono da foodtech CMV.

Criada em 2016, a empresa ajuda restaurant­es e hotéis a fazer gestão de estoque.

Para atender a capacidade financeira da empresa e diminuir a rotativida­de, Prianti diz que o mais importante é estabelece­r qual é o tipo de profission­al necessário ao negócio para aquele momento.

“Procuramos entender onde essa pessoa pode chegar e que tipo de capacidade ela tem”, afirma.

Na hora de contratar um funcionári­o, ele diz que é preciso ter certeza de que o candidato se encaixa na cultura da casa e, ainda ser muito honesto em relação às dificuldad­es da função que a pessoa deverá exercerá. Caso contrário, o risco de o funcionári­o sair logo do emprego aumenta.

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Fotos Keiny Andrade/Folhapress Alan Chusid, na sede da Spin Pay, em SP
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