Mensagens contra assédio sexual marcam pré-Carnaval em São Paulo
Fantasias também se inspiraram no noticiário e foram usadas para criticar o governo de Jair Bolsonaro
são paulo O primeiro fim de semana oficial do Carnaval de rua de São Paulo foi marcado por mensagens pela paz e contra o assédio sexual, mix de estilos musicais e, como sempre, fantasias irreverentes.
Os foliões levaram para as ruas assuntos da atualidade como o coronavírus e protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O DJ Alok colocou seu bloco de música eletrônica pela primeira vez na avenida e atraiu uma multidão na avenida Faria Lima.
“Se for pra curtir, curta com consciência. Se for pra paquerar, que seja com respeito. Caso alguém se sinta assediado, pode procurar o posto médico da prefeitura”, afirmou.
O músico também interrompeu a apresentação e pediu ao público colaboração para que a festa continuasse. “Vamos vaiar esse pessoal que tá brigando. Aqui é paz e amor. Não precisa disso”, disse Alok. A galera gritou e a confusão foi encerrada. “A prefeitura está preocupada porque ainda tem muita gente chegando. Preciso que vocês me ajudem, quero muito continuar essa festa”, continuou.
No dia anterior, a cantora Elba Ramalho pediu aos foliões: “Respeita as minas”. Também no sábado, a administradora Luka Borges, 30, subiu ao palco antes do início do batuque do Sargento Pimenta para dar o recado do coletivo “Não é Não”, que neste ano distribui em 15 estados tatuagens temporárias contra o assédio.
No domingo, a atriz Alessandra Negrini, do bloco Baixo Augusta, aproveitou a festa para protestar. Vestida de índia, fez referência às críticas de Bolsonaro aos indígenas. Ela estava acompanhada da ativista Sônia Guajajara, que foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL).
“Hoje para mim a questão indígena é a central desse país. Ela envolve não somente a preservação da cultura deles como a preservação das nossas matas. A luta indígena é de todos nós e por isso eu tive a ousadia de me vestir assim”, disse à Folha.
A ativista indígena Sônia Guajajara defendeu o visual com adereços indígenas adotado pela atriz.
“Muita gente usa acessórios indígenas como fantasia. Isso a gente não concorda. Mas quando a pessoa usa de uma forma consciente, como um manifesto para amplificar as vozes indígenas então tudo bem, é compreensível”, disse.
Segundo ela, Alessandra Negrini havia combinado o protesto com o grupo de indígenas que participou do bloco.
Do alto do trio do Baixo Augusta, um dos integrantes puxou o coro: “ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”. O chamado foi acompanhado pela multidão na rua da Consolação.
As fantasias também foram usadas como forma de protesto. A comunicadora Nayara Sampaio, 34, misturou peixe e óleo em sua roupa Confraria do Pasmado neste domingo, em referência às manchas nas praias nordestinas e à fala do secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, sobre peixes serem inteligentes e fugirem do óleo.
Um grupo de amigos paulistanos se fantasiou de Amazônia devastada, inclusive com uma Greta Thunberg, a ativista sueca defensora do clima chamada de pirralha pelo presidente.
Cinco pessoas são baleadas após bloco na zona sul de SP
O pré-Carnaval de rua de São Paulo registrou ao menos uma ocorrência grave na tarde deste domingo (16).
Cinco pessoas foram baleadas durante a passagem de blocos na avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklin (zona sul).
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, um grupo agrediu e tentou roubar um policial civil, que reagiu à abordagem. Os feridos foram levados a hospitais da região.
O caso está sendo registrado no 27º DP, no Campo Belo.