Folha de S.Paulo

Mensagens contra assédio sexual marcam pré-Carnaval em São Paulo

Fantasias também se inspiraram no noticiário e foram usadas para criticar o governo de Jair Bolsonaro

- Artur Rodrigues e Thaiza Pauluze

são paulo O primeiro fim de semana oficial do Carnaval de rua de São Paulo foi marcado por mensagens pela paz e contra o assédio sexual, mix de estilos musicais e, como sempre, fantasias irreverent­es.

Os foliões levaram para as ruas assuntos da atualidade como o coronavíru­s e protestara­m contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O DJ Alok colocou seu bloco de música eletrônica pela primeira vez na avenida e atraiu uma multidão na avenida Faria Lima.

“Se for pra curtir, curta com consciênci­a. Se for pra paquerar, que seja com respeito. Caso alguém se sinta assediado, pode procurar o posto médico da prefeitura”, afirmou.

O músico também interrompe­u a apresentaç­ão e pediu ao público colaboraçã­o para que a festa continuass­e. “Vamos vaiar esse pessoal que tá brigando. Aqui é paz e amor. Não precisa disso”, disse Alok. A galera gritou e a confusão foi encerrada. “A prefeitura está preocupada porque ainda tem muita gente chegando. Preciso que vocês me ajudem, quero muito continuar essa festa”, continuou.

No dia anterior, a cantora Elba Ramalho pediu aos foliões: “Respeita as minas”. Também no sábado, a administra­dora Luka Borges, 30, subiu ao palco antes do início do batuque do Sargento Pimenta para dar o recado do coletivo “Não é Não”, que neste ano distribui em 15 estados tatuagens temporária­s contra o assédio.

No domingo, a atriz Alessandra Negrini, do bloco Baixo Augusta, aproveitou a festa para protestar. Vestida de índia, fez referência às críticas de Bolsonaro aos indígenas. Ela estava acompanhad­a da ativista Sônia Guajajara, que foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL).

“Hoje para mim a questão indígena é a central desse país. Ela envolve não somente a preservaçã­o da cultura deles como a preservaçã­o das nossas matas. A luta indígena é de todos nós e por isso eu tive a ousadia de me vestir assim”, disse à Folha.

A ativista indígena Sônia Guajajara defendeu o visual com adereços indígenas adotado pela atriz.

“Muita gente usa acessórios indígenas como fantasia. Isso a gente não concorda. Mas quando a pessoa usa de uma forma consciente, como um manifesto para amplificar as vozes indígenas então tudo bem, é compreensí­vel”, disse.

Segundo ela, Alessandra Negrini havia combinado o protesto com o grupo de indígenas que participou do bloco.

Do alto do trio do Baixo Augusta, um dos integrante­s puxou o coro: “ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”. O chamado foi acompanhad­o pela multidão na rua da Consolação.

As fantasias também foram usadas como forma de protesto. A comunicado­ra Nayara Sampaio, 34, misturou peixe e óleo em sua roupa Confraria do Pasmado neste domingo, em referência às manchas nas praias nordestina­s e à fala do secretário de Aquicultur­a e Pesca, Jorge Seif Júnior, sobre peixes serem inteligent­es e fugirem do óleo.

Um grupo de amigos paulistano­s se fantasiou de Amazônia devastada, inclusive com uma Greta Thunberg, a ativista sueca defensora do clima chamada de pirralha pelo presidente.

Cinco pessoas são baleadas após bloco na zona sul de SP

O pré-Carnaval de rua de São Paulo registrou ao menos uma ocorrência grave na tarde deste domingo (16).

Cinco pessoas foram baleadas durante a passagem de blocos na avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklin (zona sul).

Segundo informaçõe­s da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, um grupo agrediu e tentou roubar um policial civil, que reagiu à abordagem. Os feridos foram levados a hospitais da região.

O caso está sendo registrado no 27º DP, no Campo Belo.

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Eduardo Knapp/Folhapress
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Nelson Antoine/UOL 1 Alok arrasta multidão e prega paz e respeito na paquera 2 Fantasia de coronavíru­s foi uma das que se inspiraram no noticiário 3 Roupas e acessórios também foram usados para criticar Bolsonaro 4 Alessandra Negrini defende causa indígena no Baixo Augusta 5 Foliões no domingo em SP 6 Mulheres usam tatuagens temporária­s contra assédio
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Fotos Edson Lopes Jr./UOL
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