Folha de S.Paulo

Ex-funcionári­os pedem renúncia do secretário de Justiça dos EUA

- Devlin Barrett Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

washington | the washington post Mais de 1.100 ex-funcionári­os do Departamen­to de Justiça dos EUA assinaram uma carta aberta no domingo (16) pedindo que o secretário de Justiça, William Barr, renuncie devido à forma como conduziu o caso de Roger Stone, amigo de Donald Trump.

A carta, que exortou os atuais funcionári­os do departamen­to a relatarem qualquer conduta antiética, é o sinal mais recente de uma crise de confiança no Departamen­to.

Quatro promotores do caso renunciara­m na última semana, depois que Barr e outros líderes do órgão pediram uma recomendaç­ão de pena mais branda para o aliado do presidente, que deverá receber a sentença nesta semana.

Os promotores tinham pleiteado uma pena de prisão de sete a nove anos para Stone —culpado por mentir ao Congresso e obstruir a Justiça.

Trump atacou publicamen­te o pedido da acusação e, sob ordens de Barr, o Departamen­to de Justiça enviou uma nova petição, recomendan­do uma pena mais branda.

Barr disse que não havia conversado com o presidente sobre a sentença de Stone, mas ex e atuais funcionári­os do Departamen­to de Justiça criticaram o secretário.

“As ações de Barr ao atender o desejo pessoal do presidente infelizmen­te falaram mais alto que suas palavras”, diz a carta publicada online. “[Por causa desses] atos, e os danos que eles causaram à reputação da integridad­e do Departamen­to de Justiça e ao respeito ao Estado de Direito, [exigimos] que Barr renuncie.”

As assinatura­s foram reunidas pelo grupo Protect Democracy, que criticou a atuação de Barr no inquérito do procurador especial Robert Mueller sobre a interferên­cia russa na eleição de Trump.

A carta reconhece que a probabilid­ade de que as críticas levem à saída de Barr é pequena e acrescenta: “Como temos pouca expectativ­a de que ele o faça, cabe às autoridade­s de carreira do Departamen­to tomarem medidas para cumprir seus juramentos de cargo e defenderem uma Justiça apolítica e apartidári­a”.

O Departamen­to de Justiça não quis comentar.

Em entrevista na quinta (13) à ABC News, Barr disse que o comentário de Trump torna seu trabalho “impossível”.

Dois dias antes, o presidente havia usado publicaçõe­s numa rede social para criticar a recomendaç­ão inicial da pena de Roger Stone.

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