Folha de S.Paulo

Viveu intensamen­te a paixão pela música e por carros

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo A vida difícil após a perda da mãe, aos dois anos, ensinou a Orlando Legname, entre outras coisas, a valorizar os estudos. Filho de imigrantes italianos, ele nasceu em São João da Boa Vista (a 216 km de SP) e ainda jovem mudou-se para a capital paulista.

A primeira carreira escolhida foi como professor, nas áreas de ciências e matemática. Depois, cursou direito e chegou a procurador do DER (Departamen­to de Estradas de Rodagem).

Aposentado, continuou a trabalhar como advogado e exerceu a profissão até os 92 anos. Até esta idade viveu intensamen­te e do jeito que queria. Não parou nem de dirigir, segundo conta a filha, a psicanalis­ta Maria Salete Lopes Legname de Paulo.

De São João da Boa Vista, além de lembranças, Orlando trouxe a namorada, que tornou-se esposa e mãe dos seus quatro filhos. Um deles, Orlando, desenvolve­u um talento que o pai também colecionav­a. Foi compositor, maestro e chefe de departamen­to da Universida­de Estadual de Nova York, mas morreu em 2014.

Dono de um ouvido apurado, Orlando pai sabia tocar todos os instrument­os sem ter estudado, compunha para a família e cantava no coral da igreja. Quando o filho era vivo, ia sempre a Nova York assistir aos concertos que regia.

No Brasil, Orlando não perdia óperas e concertos. Gostava de carros. Cuidou de cada um dos seus cinco veículos com carinho.

Sábio e muito dedicado, Orlando foi um exemplo de vida para os filhos. No dia 1º de fevereiro completou 94 anos e dez dias depois, seu coração descansou. Dormiu e não acordou.

Orlando Legname deixa duas filhas, nove netos e cinco bisnetos.

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