Folha de S.Paulo

Estado de SP zera roubo a bancos pela primeira vez

Furtos de veículos sobem pela primeira vez em 33 meses; dados do governo referem-se a janeiro

- Rogério Pagnan

Em fato inédito desde o começo da série histórica, em 2002, o estado de São Paulo passou um mês sem nenhum roubo a banco em janeiro. Em 2006, havia média diária superior a um crime. A modalidade declinava nas estatístic­as desde 2018. Já o furto de veículos teve leve alta, 2,2% sobre janeiro de 2019, cessando 33 meses de queda.

são paulo O estado de São Paulo conseguiu zerar em janeiro deste ano um tipo de crime que não só já foi epidêmico como inspirou filmes, séries e romances durante décadas: o roubo a bancos.

O ocorrido é inédito desde que a série começou a ser registrada, em 2002.

Por outro lado, houve aumento no furto de veículos, o que colocou fim a uma série de 33 quedas seguidas desse tipo de indicador. Em janeiro do ano passado foram 7.264 veículos furtados, contra 7.427 em janeiro de 2020 –alta de 2,2%.

Esses dados fazem parte do pacote estatístic­o divulgado pelo governo de São Paulo na tarde dessa segunda-feira (24).

De acordo com os dados estatais, nenhuma agência bancária no estado foi alvo de criminosos no primeiro mês de 2020. Em janeiro de 2006, por exemplo, ano recorde de roubos a bancos no estado de São Paulo, foram registrado­s 37 casos —mais de um por dia.

Somando os 12 meses, 2006 fecharia com um total de 442 casos registrado­s e a maior quantidade de crimes do tipo ocorridos em um único mês: em setembro daquele ano foram 46 roubos a agências.

Desde 2018, porém, São Paulo vem registrand­o quedas expressiva­s. Em janeiro do ano passado, havia registrado apenas um caso. “A lógica é a seguinte: se quero muito dinheiro, vou roubar um banco, é isso desde que o mundo é mundo”, disse o coronel Álvaro Camilo, secretário executivo da Polícia Militar na Secretaria da Segurança Pública.

Além do trabalho da polícia na repressão e investigaç­ão desse tipo de crime, Camilo também aponta as ferramenta­s tecnológic­as implantado­s pelos bancos que desestimul­aramesseti­podeocorrê­nciacrimin­al, como as portas giratórias com detectores de metal.

“Acabar com o roubo a banco é uma vitória, porque colocava em risco muita gente. Agora, a briga nossa é para manter esse indicador”, disse o oficial.

De acordo com integrante­s da cúpula da Polícia Civil, os homens destinados à delegacia de Roubo a Bancos em São Paulo estão sendo realocados em outros tipos de investigaç­ões.

Os dados sobre roubos a bancos não incluem os furtos a caixa eletrônico­s, tipo de crime que se tornou comum nos últimos anos –apelidado de “novo cangaço”. Grupos de homens fortemente armados invadem cidades do interior, colocam a polícia para correr e explodem os caixas.

O governo paulista registra, contudo, redução também nesse tipo de crime em janeiro: foram dois casos, contra quatro em janeiro de 2019 e 12 no primeiro mês de 2018.

Quantoaosf­urtosdeveí­culos, aqueles cometidos sem violência, o acréscimo de 2,2% coloca fim a série iniciada em abril de 2017. Para o governo paulista, esse aumento ainda não representa uma tendência de cresciment­o, mas, mesmo assim, os dados serão monitorado­s para evitar novas elevações.

“Já havia uma queda expressiva nos furtos de veículos e é natural que, em algum momento, esse número não desça mais. Um aumento de 2,2% não é um aumento expressivo, mas tem que ficar atento para ver se é uma mudança de tendência, o que ela vai significar no futuro, serve de alerta. Quanto os roubos a bancos, é uma ótima notícia”, disse o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani, pesquisado­r em segurança pública.

O governo paulista também anunciou queda de 2,8% nos homicídios dolosos (intenciona­is), que foram de 284 vítimas em janeiro de 2019, para 276 neste ano, e pequena redução (0,5%) dos estupros, um dos crimes que a polícia tem demonstrad­o maior dificuldad­e em combater.

Estes foram de 1.071 queixas anotadas em janeiro do ano passado, para as 1.066 de janeiro de 2020.

Já os roubos —crime cometido com violência— subiram 14% em janeiro, saltando de 21 mil para 24 mil em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano interior. Na esteira, os latrocínio­s passaram de 17 a 18 na mesma comparação.

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