Explode número de internações por problemas respiratórios, diz Fiocruz
Quantidade de hospitalizações é dez vezes maior do que a média de anos anteriores; país tem 20 mortes por Covid-19 em um dia
O Brasil teve uma explosão de registros de internação de pessoas com insuficiência respiratória grave depois da primeira notificação de um paciente com coronavírus no país, em 25 de fevereiro, indicam dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Naquela semana, 662 pessoas foram internadas por doença respiratória aguda, com sintomas como febre, tosse, dor de garganta e dificuldade respiratória. Na semana passada, o número saltou para 2.250 pacientes, informa Mônica Bergamo.
“É um número dez vezes maior do que a média histórica, de cerca de 250 casos de hospitalização nos meses de fevereiro e março, em anos anteriores”, afirma Marcelo Ferreira da Costa Gomes, que coordena sistema de monitoramento da Fiocruz.
O Infogripe, em parceria com o Ministério da Saúde, acompanha dados da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que pode ser causada por vários vírus. “É uma curva vertiginosa”, diz Gomes. Para ele, os números sugerem a Covid-19 como causa.
O estado de São Paulo tinha no dia 21 1.228 pessoas internadas, contra uma média de menos de 200 em anos anteriores. Especialistas afirmam que o volume antecipa a explosão de casos de coronavírus, já que estes só serão confirmados após exames.
O Brasil registrou ontem 20 novas mortes, a maior alta em um dia —o total foi a 77. O número de doentes confirmados é de 2.915.
são paulo O Brasil teve uma explosão de registros de internação de pessoas com insuficiência respiratória grave depois da primeira notificação de um paciente com coronavírus no Brasil, indicam dados da Fiocruz.
O primeiro caso de Covid-19 foi notificado no dia 25 de fevereiro. Naquela semana, 662 pessoas foram internadas no país com doença respiratória aguda, com sintomas como febre, tosse, dor de garganta e dificuldade respiratória.
Entre os dias 15 e 21 de março, o número de novos internados já tinha saltado para 2.250 pacientes, de acordo com projeção feita com base nas notificações oficiais enviadas por unidades de saúde e hospitais públicos, e alguns privados, de todo o país, ao Ministério da Saúde.
“É um número dez vezes maior do que a média histórica, de cerca de 250 casos de hospitalização nos meses de fevereiro e março, em anos anteriores”, diz o pesquisador Marcelo Ferreira da Costa Gomes, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Ele coordena o InfoGripe, sistema da Fiocruz que, em parceria com o ministério, monitora os dados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil.
Ela pode ser causada por vários vírus, como influenza, adenovírus, os quatro coronavírus sazonais que já circulavam anteriormente —e o novo coronavírus.
Segundo Gomes, os números sugerem que o grande aumento de internações pode ter ocorrido em decorrência da Covid-19, embora nem todas as pessoas hospitalizadas tenham sido testadas para a doença e os resultados dos exames estejam saindo com atraso de vários dias.
“É uma curva vertiginosa”, diz ele. “Já havia pressão no sistema de saúde, neste ano, maior do que a usual, com ligeiro aumento nas internações em janeiro e fevereiro em relação aos mesmos meses de anos anteriores”, afirma.
“Mas, nas duas últimas semanas, houve uma explosão. Essa curva aumentou drasticamente, possivelmente por causa do coronavírus”, afirma.
“O sistema hospitalar já está sofrendo uma pressão inédita”, segue Gomes. Ele afirma ainda que a tendência é que as internações sigam crescendo. “A gente ainda não sabe como vai se dar a interação desses vírus, como influenza A, influenza B e o novo coronavírus [todos causadores de doenças respiratórias]”, diz.
O estado de São Paulo, o maior do país, tinha no dia 21 1.228 pessoas internadas, contra média de menos de 200 em anos anteriores.
Especialistas ouvidos pela coluna que integram a linha de frente no combate à doença afirmam que o número de internações antecipa a explosão de casos da doença no país, já que eles só serão confirmados depois do resultado de exames específicos para o coronavírus.
“Os dados só reforçam a necessidade da adoção de medidas de isolamento social, para reduzir a velocidade de disseminação da Covid-19, conforme a OMS e o Ministério da Saúde vinham recomendando, diz Gomes.
Brasil tem 20 novas mortes por Covid-19 e total vai a 77 Natália Cancian e Angela Boldrini
brasília O número de mortes pelonovocoronavírusnoBrasil subiu para 77 nesta quinta-feira (26), segundo dados do Ministério da Saúde. Até quartafeira (25), eram 57 mortes. O registro de 20 óbitos em apenas um dia é o maior até agora.
O estado com maior número de registros é São Paulo, com 58 mortes. Também houve 9 mortes no Rio de Janeiro, 3 no Ceará e 3 em Pernambuco. Amazonas, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm 1 registro cada.
Mais cedo, Goiás confirmou a primeira morte por Covid-19 na região Centro-Oeste. Com esse caso, todas as regiões do país têm mortos pela doença.
Ao todo, já são ao menos 2.915 registros da Covid-19.
Na quarta, eram 2.433 casos, um aumento de 19,8%.
“Podemos observar que houve um incremento de casos. Isso vai estar oscilando e será influenciado pela disponibilidade de testes da circulação viral em cada localidade”, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.
Nos últimos dias, o percentual de aumento de casos caiu de 37%, no domingo, para 19,8% nesta quinta.
A situação coincide com a mudança no protocolo previsto pelo Ministério da Saúde, que prevê testagem apenas em pacientes internados em hospitais com quadro respiratório grave.
A pasta também divulgou um balanço mais detalhado dos casos e mortes por causa do coronavírus.
De acordo com os dados, entre os mortos prevalecem os homens, com 68% do total. Nos casos graves, eles são 58%, contra 42% de mulheres.
Além disso, a faixa etária com maior número de mortes é aquela entre 80 a 89 anos (39%), seguidos de pacientes de 70 a 79 anos (33,9%). Três pessoas entre 30 e 39 anos de idade morreram de Covid-19 até quinta, segundo Oliveira.
Hoje, são 194 casos sendo tratados em UTI e 205 em enfermarias em todo o país.
De acordo com o ministério, cardiopatia é a doença associada mais comum em pacientes de Covid-19 —36 das pessoas que morreram por coronavírus tinham doença cardíaca. Em seguida, vêm diabéticos (23 mortos), pessoas com pneumopatias (15 mortos) e imunodeprimidos (7 mortos). Alguns tinham mais de uma doença associada.
Pacientes renais crônicos tiveram alta letalidade entre os casos informados, de acordo com o ministério. Também foram citados casos de doenças hematológicas crônicas, hepáticas crônicas, asma e doenças neurológicas crônicas, além de obesidade.
Entre os estados, o maior número de casos confirmados ocorre em São Paulo, com 1.052 casos confirmados, seguido do Rio de Janeiro, com 421. Há registros, porém, em todo o país.
Desde a última semana, a pasta orienta que qualquer pessoa com sintomas de gripe tenha o quadro avaliado como possível infecção por coronavírus. Exames, porém, são restritos apenas a pacientes com quadros graves, o que inviabiliza a confirmação. Para os demais, a orientação é que seja feito o isolamento domiciliar.
Ao comentar os dados, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que a previsão “é ter 30 dias muito difíceis” daqui para frente. Ele evitou, porém, citar projeções.
“Nós vamos ter daqui para frente um número de casos novos superior ao número de casos novos do dia anterior. E é bem provável que nós tenhamos número de óbitos maior do que o número de óbitos do dia anterior. Isto num período que deva ocorrer de 20 a 30 dias é esperado, vai acontecer”, afirmou Gabbardo.
Segundo Gabbardo, o aumento de casos está abaixo da projeção inicial da pasta, que previa inicialmente que o país tivesse o dobro de casos a cada três dias.
Ele reforça, porém, que os dados podem mudar nos próximos dias com a ampliação da testagem. Nos últimos dias, a pasta anunciou que iria expandir a 22,9 milhões a oferta de testes para diagnóstico.