Desempregados correm para pedir benefício nos EUA
Número é o maior da história; na semana anterior, haviam sido 282 mil solicitações do benefício
washington | the wall street journal Na semana passada, 3,28 milhões de trabalhadores americanos solicitaram benefícios de desemprego, um número recorde, dado o efeito do novo coronavírus sobre a economia, o que pôs fim a dez anos de expansão no nível de emprego nos EUA.
O nível semanal excedeu por muito o recorde semanal anterior, de 695 mil, registrado em outubro de 1982. O aumento no número de pedidos foi de 1.070% em relação aos 282 mil da semana anterior.
O nível recorde de pedidos surgiu durante uma semana na qual muitas empresas americanas anunciaram demissões e diversas autoridades municipais e estaduais ordenaram o fechamento de negócios não essenciais, em resposta à pandemia do coronavírus.
A grande máquina americana de criação de empregos estacou, como resultado da pandemia.
Até março, os empregadores americanos vinham aumentando o número de postos de trabalho disponíveis havia 113 meses consecutivos, o que resultou em um crescimento de 22 milhões no número de pessoas empregadas nos EUA.
No processo, milhões de pessoas —entre as quais trabalhadores horistas de baixa remuneração, pessoas deficientes, minorias, ex-detentos e outros— encontraram trabalho.
O índice de desemprego, que foi de 3,5% em fevereiro, era baixo como não se via desde a década de 1960. Os salários haviam começado a crescer, nos dois últimos anos, depois da inércia registrada nos anos iniciais da expansão que se seguiu à recessão de 2007-2009.
A força do mercado de trabalho manteve a economia dos EUA em expansão por uma década —apesar da crise da dívida nos países da zona do euro, do tsunami no Japão, da desaceleração na economia da China, da queda na produção industrial nacional, da instabilidade nos preços da energia e de uma guerra comercial internacional.
E de repente, em questão de dias, tudo mudou.
“Não vimos uma queda livre dessa ordem no passado”, disse Keith Hall, ex-diretor do
Serviço Orçamentário do Congresso e assessor do então presidente George W. Bush. “Nem durante a Grande Depressão... foi como uma Grande Recessão instantânea.”
Hall disse que o índice de desemprego pode se aproximar nos próximos meses dos 20% que alguns economistas calculam tenham sido atingidos durante a Depressão. Tradução de Paulo Migliacci
Pacote avança, e NY tem melhor sequência de altas desde 1931
são paulo Apesar da escalada no número de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, as principais Bolsas globais tiveram o terceiro dia consecutivo de alta, com a aprovação, no Senado, do pacote americano de estímulo econômico de US$ 2 trilhões. A sequência positiva levou o Ibovespa e o índice Dow Jones, em Nova York, a subir 3,67% e 6,4%, respectivamente, o que os fez sair, tecnicamente, do “bear market” (mercado do urso, numa tradução livre).
Entre analistas, a figura do urso é uma alusão ao movimento do mercado que derruba o preço dos ativos —ao contrário do touro “bull market”, símbolo de Wall Street, que lança os preços para cima.
Uma Bolsa entra em “bear market” quando cai 20% abaixo do seu recorde recente e sai dele quando se valoriza 20% em relação à mínima recente.
O Ibovespa entrou em “bear market” em 9 de março, e o Dow Jones, no dia 11, ambos atingido sua mínima recente na segunda (23). Nos últimos três dias, o índice brasileiro subiu 22%, indo a 77.709 pontos, e o americano, 21%.
A recuperação do Dow Jones foi a mais rápida da história, na maior alta em apenas três pregões desde 1931, de acordo com a Bloomberg. À época, o índice se recuperava da crise de 1929.
Segundo analistas, porém, a forte alta dos últimos três dias não representa uma mudança na tendência de queda do mercado, já que não há indício de declínio no avanço da Covid-19, que tem paralisado a economia global.
O índice S&P 500 e a Bolsa de tecnologia Nasdaq, que subiram 6,2% e 5,6% nesta quinta, ainda estão em “bear market”.
O pacote para ajudar desempregados e indústrias afetadas pelo coronavírus, além de fornecer bilhões de dólares para a compra de equipamento médico, será votada na Câmara dos Deputados nesta sexta (27), para depois ser sancionada por Donald Trump.