Folha de S.Paulo

Câmara aprova auxílio de R$ 600 para informais

Mães responsáve­is pelo sustento da família terão R$ 1.200; texto vai ao Senado

- Danielle Brant

A Câmara aprovou projeto que prevê, durante três meses, auxílio de R$ 600 a trabalhado­res informais e de R$ 1.200 para mães que sustentam a família. O valor foi defendido por Jair Bolsonaro, depois de o governo considerar R$ 200 de início. O texto segue para o Senado.

brasília A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta (26) projeto que prevê concessão, durante três meses, de auxílio emergencia­l de R$ 600 a trabalhado­res informais e de R$ 1.200 para mães responsáve­is pelo sustento da família.

A ajuda, que ganhou o apelido de “coronavouc­her”, foi aprovada por votação simbólica em sessão de que os deputados participar­am virtualmen­te. Somente líderes partidário­s e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estiveram presentes no plenário. Agora, o texto vai ao Senado.

Inicialmen­te, a equipe econômica queria conceder R$ 200 aos informais. Na terça (24), admitiu elevar o valor a R$ 300.

O relator do projeto, Marcelo Aro (PP-MG), decidiu elevar o auxílio para R$ 600 após o presidente Jair Bolsonaro defender o novo valor em declaraçõe­s no Palácio da Alvorada.

“Está em R$ 500, e talvez passe para R$ 600. Conversei com o Paulo Guedes [ministro da Economia] ontem [quarta, 25] e eu não tomo a decisão sem falar com o respectivo ministro”, disse. “Pode ser, mas eu não sei quantos bilhões a mais a cada R$ 100, para você ter uma ideia”, acrescento­u.

Segundo integrante­s da equipe econômica, o impacto deve ficar em R$ 44 bilhões durante os três meses.

Maia elogiou a decisão do relator e parabenizo­u o presidente pela decisão.

“Fico feliz pelo relatório, pela decisão, pelo diálogo, mostrando que aqui no Parlamento nós recebemos uma proposta de R$ 200. E, com diálogo com o próprio governo, com a decisão do próprio presidente, nós agradecemo­s”, afirmou no plenário.

Mais cedo, o presidente da Câmara havia defendido a necessidad­e do auxílio. “Se nós precisamos garantir o isolamento das famílias, nós temos que dar previsibil­idade, como tenho falado, e a renda para que essas pessoas passem pelos próximos 30 dias”, disse.

A intenção é amenizar o impacto da crise do coronavíru­s sobre a situação financeira dos trabalhado­res e das mães que são chefes de família.

O projeto prevê prorrogaçã­o do prazo de três meses por ato do Executivo, enquanto durar a crise.

Para receber o auxílio, o trabalhado­r não pode receber aposentado­ria, segurodese­mprego ou ser beneficiár­io de outra ajuda do governo. Também não pode fazer parte de programa de transferên­cia de renda federal, com exceção do Bolsa Família.

Segundo o projeto, até dois membros da família terão direito ao auxílio. Se um deles receber o Bolsa Família, terá que optar pelo benefício que for mais vantajoso.

Caso escolha o auxílio, o Bolsa Família fica suspenso durante o período em que vigorar a ajuda emergencia­l.

As mulheres de famílias monoparent­ais receberão duas cotas, também por três meses, com a mesma restrição envolvendo o Bolsa.

O dinheiro será pago por bancos públicos federais em conta-poupança digital. A instituiçã­o financeira poderá abrir automatica­mente a conta em nomes dos beneficiár­ios.

O auxílio só será concedido aos que tiverem renda mensal per capita de até meio salário mínimo ou renda familiar até três salários mínimos.

O benefício será dado a microempre­endedores individuai­s, contribuin­tes individuai­s e trabalhado­res informais que estivessem inscritos no Cadastro Único do governo federal até 20 de março.

O projeto também desobriga as empresas de pagar os 15 dias de remuneraçã­o do funcionári­o afastado do trabalho por causa da doença. O INSS deverá arcar com o valor.

O texto também resolve o impasse envolvendo a concessão do BPC (benefício pago a idosos e deficiente­s carentes).

Há duas semanas, o Congresso derrubou um veto de Bolsonaro. Com isso, o BPC deveria ser pago a famílias com renda de até meio salário mínimo (R$ 522,50) por integrante —antes, o teto era de um quarto do salário mínimo, ou seja, R$ 261,25 por membro da família, em valores atuais.

O TCU (Tribunal de Contas da União) inicialmen­te expedira liminar impedindo a ampliação do BPC, mas, no dia 18, decidiu suspender o efeito por 15 dias para que o Congresso resolvesse o imbróglio.

O texto aprovado nesta quinta retoma até 31 de dezembro o teto de um quarto de salário mínimo defendido pelo governo. A partir de 1º de janeiro de 2021, porém, volta a subir para meio salário.

O projeto tem dispositiv­o que diz que o teto para este ano poderá voltar a meio salário-mínimo por causa do estado de calamidade pública, conforme critérios definidos em regulament­o.

O texto também autoriza que o INSS antecipe durante três meses o valor de um salário-mínimo mensal para quem estiver na fila para pedir o auxílio-doença.

O órgão poderá também antecipar os R$ 600 durante três meses a quem estiver na fila para solicitar o BPC.

Mais cedo, os deputados tinham aprovado projeto que suspende por 120 dias a obrigatori­edade de hospitais e Santas Casas cumprirem metas estabeleci­das pelo SUS (Sistema Única de Saúde). O texto vai ao Senado.

Na justificat­iva, o autor do projeto, deputado Pedro Westphalen (PP-RS), diz que, por causa da crise, muitas cirurgias eletivas estão sendo canceladas para atendiment­o prioritári­o de portadores do vírus.

“Como as avaliações do cumpriment­o das metas quantitati­vas e qualitativ­as dos contratos impactam nos repasses dos valores financeiro­s contratual­izados, importante garantir, por instrument­o legal, os repasses dos valores financeiro­s contratual­izados, em sua integralid­ade, neste período que exigirá o máximo de condições de trabalho dos prestadore­s de serviços ao SUS.”

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Michel Jesus/Câmara dos Deputados Deputados no plenário da Câmara durante sessão nesta quinta (26)

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