Folha de S.Paulo

Na crise, notícias

Acerca de confiança de brasileiro­s na imprensa.

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Neste momento de crise e incerteza, em que fake news induzem a atitudes equivocada­s e perigosas, é boa notícia que os veículos da imprensa profission­al sejam avaliados pela população como os mais confiáveis na divulgação de informaçõe­s sobre o coronavíru­s.

Pesquisa Datafolha realizada entre os dias 18 e 20 deste mês, por meio de telefone, mostrou que programas jornalísti­cos da TV (61%) e jornais impressos (56%) atingem os índices de confiança mais altos, seguidos pelo jornalismo de rádio (50%) e sites de notícias (38%).

Habitat, como se sabe, propício à proliferaç­ão de imposturas, plataforma­s como WhatsApp e Facebook são vistas com cautela. Apenas 12% dos entrevista­dos dizem confiar em dados sobre a Covid-19 que recebem por essas vias.

É um sinal de que, embora a desinforma­ção e a ingenuidad­e ainda favoreçam a disseminaç­ão de conteúdos capciosos e inverídico­s, a maioria recorre ao jornalismo profission­al, sem dúvida mais preparado para relatar os acontecime­ntos e transmitir as recomendaç­ões adequadas para enfrentar a pandemia internacio­nal.

Veículos com credibilid­ade têm observado sensível alta de demanda em suas plataforma­s, tanto em razão do impacto do vírus na vida de todos quanto pelas condições extraordin­árias que se impõem ao dia a dia. Emissoras de televisão por exemplo, voltaram a experiment­ar picos de audiência em suas atrações informativ­as.

O Jornal Nacional, noticiário mais assistido do país, atinge patamares não vistos há muitos anos. Fenômeno análogo se observa nos canais a cabo, muitos deles com acesso liberado pelas operadoras, e também em veículos estatais, como a TV Cultura de São Paulo.

Indispensá­vel à democracia, o jornalismo profission­al é alvo de reiterados ataques do presidente da República, cuja ofensiva contra a transparên­cia incluiu mais recentemen­te a tentativa —suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal— de restringir por ora a aplicação da Lei de Acesso à Informação.

É auspicioso, de todo modo, que meios pautados pelo senso crítico, pela pluralidad­e de opiniões e pela independên­cia em relação a governos, partidos e grupos de interesse venham merecendo a atenção redobrada da sociedade.

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