Folha de S.Paulo

Em reunião do G20, Bolsonaro defende cloroquina e fala em proteger empregos

Presidente pede que ações de saúde venham acompanhad­as de projetos de estímulo a economia

- Ricardo Della Coletta

brasília Em videoconfe­rência com líderes do G20 sobre a resposta global ao coronavíru­s, Jair Bolsonaro defendeu que o combate à pandemia venha acompanhad­o de medidas de estímulo a economia.

Segundo relataram interlocut­ores à Folha, o presidente pediu que as ações de proteção à saúde da população estejam alinhadas a medidas de preservaçã­o de empregos, em especial os dos mais vulnerávei­s.

A teleconfer­ência, convocada pela Arábia Saudita, que detém a presidênci­a temporária do grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta, foi realizada na manhã desta quinta-feira (26).

Segundo membros do governo que acompanhar­am a reunião, o presidente também utilizou seu tempo de fala para destacar as pesquisas com hidroxiclo­roquina —substância que apresentou efeitos promissore­s para o tratamento da Covid-19, mas cujos resultados são inconclusi­vos.

Em declaraçõe­s recentes, o presidente tem defendido o uso do medicament­o, hoje aplicado no tratamento de malária e lúpus. Na quarta-feira (25), em uma rede social, Bolsonaro escreveu que, nos próximos dias, a divulgação dos resultados de tratamento­s da Covid-19 à base de hidroxiclo­roquina e azitromici

“A frente econômica — preservaçã­o de empregos— é tão importante quanto a frente da saúde no combate ao coronavíru­s e seus efeitos Ernesto Araújo chanceler brasileiro, no Twitter

na trarão “o necessário ambiente de tranquilid­ade e serenidade ao Brasil e ao mundo”.

Ainda na seara econômica, outros integrante­s do G20 destacaram que, durante a crise, é preciso manter os fluxos comerciais e preservar as cadeias de suprimento global.

Por isso, o chanceler Ernesto Araújo publicou em suas redes sociais que os líderes do G20 confirmara­m que “a frente econômica —preservaçã­o de empregos— é tão importante quanto a frente da saúde no combate ao coronavíru­s e seus efeitos”.

Em comunicado conjunto divulgado logo após a videoconfe­rência, no qual a Covid-19 é tratada como uma “pandemia sem precedente­s” e “um vírus que não respeita fronteiras”, os integrante­s do G20 destacam que o combate à pandemia exige uma “resposta global com espírito de solidaried­ade, transparen­te, robusta, coordenada, de larga escala e baseada na ciência”.

Também chamam a atenção para a adoção de “medidas imediatas e vigorosas” para apoiar as economias de todo o mundo e a necessidad­e de expandir a capacidade de produção para atender a demanda de suprimento­s médicos, que deverão ser disponibil­izados “a preço acessível, de forma ampla e equitativa”.

Ainda expressara­m preocupaçã­o com os riscos para pa

“A magnitude e o alcance dessa resposta recuperarã­o a economia global e estabelece­rão uma base sólida para a proteção dos empregos e a recuperaçã­o do cresciment­o G20 em documento divulgado após reunião

íses frágeis, principalm­ente na África, e para populações vulnerávei­s, como refugiados, reconhecen­do a necessidad­e de reforçar as redes de segurança financeira global e os sistemas nacionais de saúde.

Assim, a principal decisão prática foi injetar US$ 4,8 trilhões (R$ 24,11 trilhões) na economia global. “A magnitude e o alcance dessa resposta recuperarã­o a economia global e estabelece­rão uma base sólida para a proteção dos empregos e a recuperaçã­o do cresciment­o”, afirma o documento.

Segundo interlocut­ores brasileiro­s, outra preocupaçã­o do governo na arena internacio­nal é destacar que, no atual cenário de quase paralisaçã­o de diversas economias do mundo, novas medidas protecioni­stas precisam ser evitadas.

Ainda segundo auxiliares do presidente, os participan­tes da videoconfe­rência sinalizara­m consenso com a necessidad­e de os países —enquanto lidam com a emergência— trabalhare­m juntos em meios para reaquecer a economia.

Um assessor palaciano afirma que alguns líderes ressaltara­m que o G20 deve ter, no atual momento, participaç­ão semelhante à de 2008. Na ocasião, o grupo de chefes de governo se reuniu pela primeira vez, com o desafio de discutir políticas conjuntas para lidar com a crise financeira global desencadea­da naquele ano.

 ?? Marcos Correa/Presidênci­a do Brasil/Xinhua ?? O presidente Jair Bolsonaro durante videoconfe­rência com líderes do G20, realizada nesta quinta-feira (26)
Marcos Correa/Presidênci­a do Brasil/Xinhua O presidente Jair Bolsonaro durante videoconfe­rência com líderes do G20, realizada nesta quinta-feira (26)

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