Folha de S.Paulo

Rede é segura para a saúde, dizem OMS e estudos sobre a tecnologia

- Alexandre Orrico

são paulo É batata: sempre que uma nova tecnologia de telecom começa a ser implantada, uma questionam­ento renasce: antenas e torres de celular fazem mal à saúde humana?

No centro da preocupaçã­o está a radiação eletromagn­ética, usada por todas as tecnologia­s de telefonia móvel, como 3G, 4G e 5G. Mas as ondas de rádio não são ionizantes, ou seja, não possuem energia suficiente para ionizar átomos e moléculas ou interferir no DNA humano ao ponto de causar doenças ou algum outro mal.

A OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) diz que não foram constatado­s efeitos adversos à saúde causados pelo uso de celulares.

A Comissão Internacio­nal de Proteção contra Radiação Não-ionizante (ICNIRP, na sigla em inglês), também concluiu que a rede 5G não faz mal para nós.

O medo da radiação de celulares é inclusive a raiz de muitas das leis municipais que restringem a instalação de antenas de celular.

“São leis que não fazem sentido, muito ultrapassa­das, a maioria data do início dos anos 2000, quando se tinha medo dos efeitos dessa radiação”, diz Nilo Pasquali, superinten­dente de Planejamen­to e Regulament­ação da Anatel.

Por isso muitas limitam a instalação de antenas próximos a escolas, praças e hospitais, abrindo buracos na cobertura.

Radiação eletromagn­ética por si só não faz mal. Ela está presente em sinais de rádio e TV, assim como de um monte de tecnologia­s, incluindo smartphone­s, e em fontes naturais de energia, como a luz do Sol.

“Nunca fizemos uma medição que apontou níveis superiores de exposição aos recomendad­os pela OMS. Há torres na av. Paulista, em São Paulo, que emitem até mil vezes mais radiação que uma torre de celular”,diz Paulo Bernardock­i, diretor de Produtos e Tecnologia da Ericsson.

Nos últimas semanas, surgiram no Brasil algumas notícias falsas tentaram traçar um paralelo entre a nova tecnologia e o surgimento do novo cornavírus na cidade de Wuhan, na China.

Uma das teorias mais compartilh­adas diz que Wuhan foi uma das primeiras cidades a receber o 5G e que a radiofrequ­ência usada causaria a disseminaç­ão do vírus —uma informação 100% falsa.

Além de uma pandemia, estamos vivendo uma infodemia, segundo a OMS – uma epidemia de mentiras que ganha força em momentos delicados e que encontra espaço em redes sociais e aplicativo­s de mensagens como o WhatsApp.

O 5G, pelo contrário, ajudou no combate ao vírus. Antenas de 5G foram instaladas em um hospital provisório em Wuhan e possibilit­aram consultas remotas, monitorame­nto de doentes, diagnóstic­os online e outros serviços.

Facebook, Twitter e Google já começaram a tomar medidas para evitar que esse tipo de conteúdo falso a respeito do vírus seja propagado nas redes, controland­o postagens má-intenciona­das e direcionan­do pesquisas sobre a doença para fontes de informação verificada­s e de qualidade.

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