Investimento direto deve cair 40%, diz órgão da ONU
bruxelas A escalada do coronavírus na Europa e nos Estados Unidos fez despencar em um mês as previsões para o investimento estrangeiro direto (IED) no mundo neste ano.
O departamento de investimento e empresas da Unctad previa em fevereiro que a pandemia reduziria o IED em no máximo 15%. Nesta quinta (26), previu que o tombo será o dobro, na melhor das hipóteses, e pode chegar a 40%.
O impacto é descrito como “dramático” no documento da agência da ONU para comércio e desenvolvimento, que revisou seus cálculos com base nos relatórios das 500 maiores multinacionais.
Nas primeiras três semanas de março, 61% das multinacionais reviram suas expectativas de lucro para o ano fiscal de 2020-2021.
Essas previsões já eram sombrias em fevereiro, por causa da chamada quebra da cadeia de suprimentos: a China produz cerca de 20% das peças e componentes importados no mundo, e o coronavírus paralisou muitas indústrias no país asiático, afetando clientes no mundo todo.
Até o início do mês, esse choque na capacidade de produção era o principal motivo das revisões de lucro das múlti.
Agora, porém, somou-se às preocupações com a oferta a queda drástica no consumo, provocada por quarentenas que já atingem um quarto da população global.
Na média das maiores multinacionais acompanhadas pela Unctad, as estimativas de lucro para este ano caíram 30% por causa do coronavírus. Isso afeta diretamente o investimento, porque na média 52% dos lucros são reinvestidos em IED (nos países desenvolvidos, 61%).