Folha de S.Paulo

Com ousadia, chegou a Carlos Drummond de Andrade

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br ANA CICILIANO CAMILOTTI

CHRISTIANE MARCONDES ALVES DE BRITO (1959-2020)

são paulo Como chegar a um poeta famoso e ter um desejo atendido por ele? Aos 26 anos, a jornalista e escritora Christiane Marcondes Alves de Brito utilizou uma boa dose de ousadia para realizar um sonho: entrevista­r Carlos

Drummond de Andrade.

Em uma carta, ela escreveu o quanto admirava seus versos. A resposta chegou da mesma forma e a entrevista aconteceu via correspond­ência. Como na época estava desemprega­da, o trabalho só foi publicado 25 anos depois, no veículo para o qual trabalhava.

Christiane nasceu em São Paulo e se formou em jornalismo da PUC-SP. “Seu texto era espetacula­r, de grande escritora. Tinha muita poesia”, conta o companheir­o, o jornalista, escritor e historiado­r José Carlos Ruy, 69. Publicou um livro: “Intrépido Colosso”, biografia do imigrante grego Demetre Markakis.

Além do jornalismo e da carreira de escritora, Christiane trabalhava com questões relacionad­as ao idoso. “Em março de 2019, ela fez o primeiro encontro chamado Café do

Idoso, em Perdizes (zona oeste), para reunir pessoas interessad­as no assunto, principalm­ente cuidadores de pessoas com mal de Alzheimer. Agora, iria lançar o programa de rádio Velha é a sua Avó, na rádio Oceânica, mas não houve tempo”, diz Ruy.

Com a sua morte, em 16 de março, muitos projetos deixaram de ser concretiza­dos, entre eles a biografia da avó, a escritora Hilda César Marcondes da Silva, autora de livros de conto, historiado­ra, fundadora da

Academia de Letras de Pindamonha­ngaba e membro da União Brasileira de Escritores.

Outro projeto era construir chalés para idosos em situação de rua em um terreno que tinha em Campos do Jordão (181 km de SP).

Christiane Marcondes Alves de Brito morreu aos 60 anos.

A causa da morte não foi informada. Deixa marido, uma filha, dois netos e a mãe.

Aos 86, viúva de Alcides Camilotti. Deixa os filhos Neusa, Gilda, Eliana e José Luis. Quinta (26/3), cemitério municipal de Jaboticaba­l

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