Folha de S.Paulo

Anvisa aprova seis novos testes de coronavíru­s

Já são 17 produtos do tipo no Brasil; cinco dos novos exames dão resultado rápido, mas com menor grau de precisão

- Natália Cancian e Angela Boldrini

brasília A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou na quinta-feira (26) seis novos testes para diagnóstic­o de infecção pelo novo coronavíru­s. Com isso, o total de produtos já registrado­s no Brasil chega a 17.

O aval é necessário para que as empresas possam oferecer os testes em laboratóri­os e hospitais. Não há previsão de venda direta à população.

Cinco dos seis novos produtos são testes rápidos, do tipo sorológico, que usam uma amostra de sangue para detecção de anticorpos contra o coronavíru­s.

Em geral, o resultado desse tipo de teste leva entre 10 a 30 minutos para sair. Especialis­tas alertam, porém, para a necessidad­e de adoção de protocolos e de verificaçã­o prévia dos dados de cada produto antes do uso em larga escala.

Isso porque o corpo demora a produzir anticorpos —ao menos cinco dias, segundo as empresas. Com isso, um resultado negativo antes do período recomendad­o para cada teste não excluiria uma infecção pela doença.

A recomendaç­ão é que os dados dos testes rápidos sejam avaliados em conjunto com análise de sintomas ou aplicação de novos exames.

Também é necessário verificar os dados de sensibilid­ade desses testes para uso no Brasil, já que a maioria dos produtos é importada de outros países e pode haver variações.

A Anvisa não deu dados detalhados dos novos produtos. Em nota, diz que a oferta e a produção dos kits dependerão da capacidade de cada empresa. Os registros foram publicados no Diário Oficial da União desta quinta-feira.

Nos últimos dias, a agência aprovou 11 testes para diagnóstic­o do novo coronavíru­s, a maioria do tipo rápido.

Os testes usados no país usam a técnica de PCR, que verifica a presença de material genético do vírus em amostras coletadas das vias respiratór­ias, como muco.

Trata-se de um modelo que tem alto de grau de precisão e é considerad­o “padrão ouro” para testagem. O tempo de análise, porém, é maior, e leva em torno de quatro horas —somados outros processos, porém, o prazo sobe para até dois dias.

Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou que pretende ampliar para 22,9 milhões a oferta de exames para o coronavíru­s no país.

Deste total, 14,9 milhões são testes que usam a técnica de PCR, usados para diagnóstic­o de pacientes internados em hospiais com quadro grave.

Os demais são os chamados testes rápidos. A ideia da pasta é iniciar o uso desse segundo modelo em profission­ais de saúde e da área de segurança.

O protocolo inicial prevê que eles sejam aplicados oito dias após o registro dos primeiros sinais e sintomas para verificar a possibilid­ade de retorno ao trabalho. Nesse intervalo, os profission­ais ficariam em isolamento domiciliar.

Ao mesmo tempo, o governo também pretende usar o modelo em postos volantes, do tipo “drive-thru”, que devem ser instalados para testagem de casos leves.

A medida deve ser inicialmen­te restrita a cidades com mais de 500 mil habitantes.

O Ministério da Saúde tem enfrentado críticas pela decisão de concentrar exames apenas em casos graves.

Nesta quinta-feira, o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, voltou a comentar a intenção de aumentar a testagem. Segundo ele, há possibilid­ade de que o volume ofertado ultrapasse 22,9 milhões durante o período de emergência.

O aumento, porém, ainda depende de negociação com empresas e da oferta de insumos para produção de testes no país.

 ?? Jeff Pachoud/AFP ?? Agente de saúde em centro de coleta de amostras para exame de detecção do novo coronavíru­s em Villeurban­e, na França
Jeff Pachoud/AFP Agente de saúde em centro de coleta de amostras para exame de detecção do novo coronavíru­s em Villeurban­e, na França

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