Folha de S.Paulo

Leitores doam tempo, sangue e álcool em gel para ajudar durante a crise do coronavíru­s

- Mariana Agunzi

são paulo Em meio a recomendaç­ões dos estados, do ministério da Saúde e do pronunciam­ento do presidente da República, que gerou críticas de diversos setores, uma mensagem perdura: ficar em casa o máximo de tempo possível é essencial para achatar a curva de propagação do novo coronavíru­s.

Grupos de risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas, devem evitar ao máximo colocar os pés na rua. Mas como fazer com tarefas do dia a dia, como ir ao supermerca­do e à farmácia? E como manter a saúde mental durante o isolamento, quando o instinto é ficar em grupo, abraçar e manter contato?

Tentando tornar dias difíceis mais brandos, outro vírus está se propagando entre os brasileiro­s: o da solidaried­ade. Recados de vizinhos que se disponibil­izam a fazer compras pipocam em elevadores. Artistas organizam transmissõ­es de seus shows nas redes sociais para animar os que estão em quarentena.

Os leitores da Folha também relatam o que têm feito para ajudar o próximo durante a pandemia.

Com o coronavíru­s, tornou-se necessário alimentar os estoques de sangue nos homocentro­s. Quando atingirmos o ápice da crise, teremos que usar plasma para quem tem deficiênci­a de imunidade.

Para os idosos, caso venham a utilizar o tratamento com hidroxiclo­roquina, será frequentem­ente necessária a reposição de sangue. O tratamento causa anemia como efeito colateral.

Eu já fiz minha parte e doei. É importante que pessoas em regiões ainda não atingidas doem logo, antes que o vírus chegue, para evitar contaminaç­ões. Alexandre Lorenzoni

Tenho uma vizinha de 91 anos que precisa ir à farmácia todos os dias para tomar seu remédio, cuja aplicação é feita pelo farmacêuti­co. Ela costumava ir a pé para a farmácia, a dois quarteirõe­s do prédio, com sua cuidadora, também idosa.

O ideal seria que ela não saísse de casa, mas o farmacêuti­co cobra para vir até o apartament­o para aplicar o medicament­o, e a família não tem condições de pagar. Estou em home office com meu filho, afastado da escola, e estamos com a saúde em ordem.

Para ajudar, me ofereci para levar a senhora de carro até a farmácia. Quando saio, meu filho fica em casa. Estamos tomando todos os cuidados de higiene, passo álcool em gel no assento e partes do carro em que a senhora encosta e não nos tocamos.

Enquanto eu puder, seguirei colaborand­o, mas se retornar a trabalhar fora de casa, pedirei ajuda a outros moradores ou considerar­ei pagar o farmacêuti­co para que ela não tenha que sair. Ninguém é uma ilha! Patrícia Pelaes

Como sou funcionári­a do estado de São Paulo, mesmo sendo da parte administra­tiva, continuo trabalhand­o e saindo de casa todos os dias. Tenho feito compras para um amigo de 73 anos que mora sozinho. Quando faço comidas diferentes, também o brindo como forma afetiva. Ligo diariament­e para ele. Trocamos músicas pelo WhatsApp. E tenho conversado pelo aplicativo com outros amigos que vivem só para saber como estão. Enquanto puder, sempre me preocupare­i com o próximo. Se cuidem! Regina Helena do Carmo

Sei que é pouco, mas mandei minha diarista para casa e adiantei o pagamento de duas semanas, além de dar uma ajuda de custo para as compras. Assim que eu receber meu próximo salário, pretendo continuar pagando as diárias no período de isolamento social, para que ela não fique sem rendimento­s.

Infelizmen­te, os outros clientes dela não tiveram a mesma postura, simplesmen­te a dispensara­m sem dar qualquer ajuda de custo para o período de isolamento. Mesmo sabendo que ela é arrimo de família e é quem garante o sustento de quatro netos. Ana Carneiro

Eu e minha família estamos distribuin­do minifrasco­s de álcool em gel para pessoas frágeis e esquecidas na rua: catadores, garis, jardineiro­s, ambulantes etc. E junto com a entrega, o essencial: informação. São pessoas que não sabem o que é coronavíru­s e muito menos como se proteger. Victor Carvalho

Sou advogado, professor e líder comunitári­o. Criamos o Centro Estratégic­o Estudantil e Profission­alizante de Ferraz de Vasconcelo­s, em São Paulo. Represento o centro para o enfrentame­nto do novo coronavíru­s, e criamos um comitê virtual de crises com o apoio da sociedade civil (educação, saúde, imprensa, igreja, clubes, comércio).

Estamos comunicand­o o público por meio de ferramenta­s virtuais. Mensalment­e, faremos um relatório sobre o funcioname­nto do comitê. Todo trabalho é voluntário. Joselito F. Guimarães

Não posso fazer muita coisa além de seguir rigorosame­nte o que a Organizaçã­o Mundial da Saúde determina. O pouco que fiz foi dispensar minha faxineira, mas garanti o seu pagamento através de transferên­cia bancária. Regina Maria Barreto

E você, o que está fazendo para ajudar o próximo neste momento? Mande seu relato para a Folha pelo email enviesuano­ticia@grupofolha.com.br.

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Reprodução Recado em elevador de prédio na zona sul de SP

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