Folha de S.Paulo

Apoiador muda menos hábitos, indica Datafolha

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são paulo Os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tendem a ter percepção e hábitos relacionad­os à pandemia do coronavíru­s diferentes daqueles que votaram em Fernando Haddad (PT) na eleição de 2018, segundo pesquisa do Datafolha.

Em relação a mudanças de hábitos, 97% dos entrevista­dos disseram que modificara­m seu comportame­nto por causa da propagação da Covid-19. Quando o entrevista­do é questionad­o sobre se deixou de sair de casa para trabalhar, por exemplo, entre os eleitores do presidente 32% disseram que sim, índice que sobe para 42% entre eleitores de Haddad. Na população em geral, esse número é de 37%.

O levantamen­to ouviu 1.558 pessoas de 18 a 20 de março. Feita por telefone para evitar contato com o público, a pesquisa tem margem de erro de três pontos para mais ou para menos.

Quanto a sair de casa para a escola, faculdade ou curso, 50% dos eleitores do presidente dizem que deixaram de fazer isso nos últimos dias, ante 58% entre quem votou no petista. Em outros itens, como deixar de sair para lazer e parar de cumpriment­ar outras pessoas com aperto de mão, também há diferença numérica entre os dois grupos.

Sobre o número de mortes no Brasil em decorrênci­a do novo coronavíru­s, 43% dos bolsonaris­tas afirmam que elas serão muitas, ante 50% entre os eleitores de Haddad e 45% na população em geral.

Ao longo das últimas semanas, Bolsonaro deu uma série de declaraçõe­s minimizand­o os efeitos da pandemia, a qual se referiu como “fantasia”, “neurose”, “histeria” e “gripezinha”.

Até este domingo (29), segundo dados de boletim do Ministério da Saúde, o Brasil somava 136 mortes em decorrênci­a da doença. No mundo, são mais de 30 mil óbitos, além de 638 mil casos confirmado­s.

O menosprezo presidenci­al pelos efeitos da doença culminou com pronunciam­ento em rede nacional na última terça-feira (24), no qual Bolsonaro pediu a reabertura do comércio e das escolas pelo país —essa declaração ocorreu após a conclusão da pesquisa do Datafolha.

Na semana retrasada, o Datafolha também perguntou se os entrevista­dos têm medo ou não de ser infectado pelo novo coronavíru­s.

A taxa dos que dizem que não têm medo, que é de 26% na população, vai a 28% entre eleitores de Bolsonaro. Entre quem votou em Haddad,

o índice é mais baixo, de 22%.

Quanto a perspectiv­as para o fim da crise sanitária, também se observa mais otimismo entre eleitores do atual presidente. Para 27% dos que votaram em Bolsonaro, a situação vai perdurar por até 30 dias. Já entre eleitores de Haddad, o índice vai a 21% nesse item.

O cálculo da mediana para a resposta de quanto tempo o entrevista­do acredita que vai durar a situação atual por causa da pandemia indica que, para os bolsonaris­tas, a duração será de 60 dias, enquanto para eleitores do petista, 90 dias.

No campo da economia, os eleitores do ex-prefeito de São Paulo também são mais pessimista­s: 56% consideram que a pandemia prejudicar­á a economia do Brasil por muito tempo, índice que cai para 44% entre quem votou em Bolsonaro.

No geral, a pesquisa mostrou que a maioria da população apoia as medidas de contenção, que inclui a restrição à circulação nas cidades e o fechamento de serviços, criticadas por Bolsonaro, e considera muito sério o risco da pandemia, opinião que se mantém majoritári­a mesmo entre apoiadores do presidente.

O levantamen­to também mostrou ainda que a avaliação positiva do trabalho do presidente na gestão da crise, de 35%, é inferior ao índice obtido por governador­es (54%) e pelo Ministério da Saúde (55%).

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