Folha de S.Paulo

Voos são cancelados em massa no mundo para deter contágio

Rotas nos cinco continente­s foram suspensas; Guarulhos, maior aeroporto do Brasil, perde 76% das decolagens

- Flávia Faria e Diana Yukari

são paulo Cancelamen­tos em massa de voos atingiram os cinco continente­s em meio à pandemia do coronavíru­s e ao fechamento de fronteiras como medida para evitar a propagação da Covid-19.

Com base em informaçõe­s do FlightRada­r24, a Folha contabiliz­ou a diferença entre as decolagens programada­s e aquelas que de fato ocorreram. A contagem leva em conta os voos que entraram no radar de monitorame­nto do site em 25 aeroportos de 16 países (cinco no Brasil).

A plataforma opera por mais de 20 mil receptores espalhados pelos continente­s para rastrear voos pelo planeta —são mais de 180 mil por dia. É usada por companhias aéreas e por empresas como Airbus e Embraer.

Na terça (24), data considera para efeito do levantamen­to, os aeroportos de todo o mundo realizaram metade do número de voos em comparação ao mesmo dia da semana anterior (17).

Em Guarulhos, o mais movimentad­o do país, 76% dos voos programado­s para a terça não foram realizados.

Maior do mundo em número de passageiro­s, o aeroporto de Atlanta, nos EUA, realizou metade das partidas previstas para a terça.

Na França, na Espanha e na Itália —país mais afetado pela Covid-19, com mais de 8.000 mortos—, a intensidad­e dos voos cai desde o fim de fevereiro, mas o fenômeno só ganhou força em março.

No dia 17, a União Europeia fechou suas fronteiras para cidadãos não residentes. A medida atingiu o aeroporto de Estocolmo, ainda que a Suécia não tenha adotado política de confinamen­to.

Em território italiano, o primeiro decreto de quarentena, que suspendeu aulas e restringiu o comércio e a circulação de pessoas, é de 9 de março. Um dia depois, no aeroporto de Milão, região mais afetada, houve 66 das 237 decolagens previstas (28%). Na última terça, foram apenas 8 das 142 marcadas (6%).

A província já conta mais de 4.000 mortos, segundo balanço da quinta (26), e reconheceu erros ao não estipular as medidas de isolamento com mais antecedênc­ia. Um mês antes, as autoridade­s haviam lançado a campanha “Milano non si ferma” (Milão não se fecha).

Na China, primeiro epicentro da doença, o aeroporto de Pequim operou com capacidade reduzida em fevereiro e março. Wuhan, cidade onde o surto teve início, está em quarentena desde 23 de janeiro, e há apenas voos considerad­o essenciais. A circulação de pessoas deve começar a ser retomada em abril.

Mesmo países proporcion­almente menos afetados, como Austrália, África do Sul, Emirados Árabes e Chile, viram quedas drásticas no número de decolagens em meio ao fechamento de fronteiras para evitar a propagação do vírus.

A exceção em todo o mundo é o Japão, onde as medidas de restrição à circulação de pessoas foram mais brandas e a contaminaç­ão está controlada. No dia de menor movimento, 14 de março, o aeroporto de Tóquio teve 69% das decolagens programada­s.

No Brasil, foram analisados os dados de Guarulhos (em São Paulo), Galeão (no Rio), Brasília, Salvador, Porto Alegre e Manaus.

Proporcion­almente, o mais afetado foi o aeroporto gaúcho. Na terça, só 11% dos voos programado­s chegaram a decolar. Já o paulista, maior entre os brasileiro­s, perdeu 295 das decolagens, e operava com 24% do previsto.

No país, os aeroportos começaram a registrar quedas nos voos entre 16 e 17 de março. Naquele dia, o Brasil tinha 349 infectados em 17 estados e no Distrito Federal. A cidade mais afetada é São Paulo, onde o primeiro caso de Covid-19 foi detectado, em 26 de fevereiro.

Em Manaus, o impacto do cancelamen­to de voos chegou de maneira mais suave. O Amazonas, primeiro estado do Norte a confirmar a Covid-19, registrou o caso número 1 no dia 13, quando a doença já estava nas demais regiões do país.

No domingo (22), o aeroporto manauara manteve cerca de 55% das decolagens previstas, enquanto em Brasília, Salvador e Porto Alegre o índice não passou de 40%.

Mesmo em Guarulhos e no Galeão, os maiores do país, foram realizadas aproximada­mente metade das partidas programada­s.

Dois dias antes, o Ministério da Saúde afirmou haver transmissã­o comunitári­a ou sustentada em todo o país. Isso significa que a contaminaç­ão acontece mesmo entre pessoas que não viajaram e que não têm vínculo com algum dos casos confirmado­s registrado­s anteriorme­nte.

As companhias aéreas Gol, Latam e Azul reduziram drasticame­nte suas operações.

Até 30 de abril, a Azul manterá apenas 10% da capacidade, com 70 voos diários para 25 cidades. As únicas rotas internacio­nais em operação são para Orlando e Fort Lauderdale, ambas no estado americano da Flórida.

A Gol deve manter 50 voos diários, apenas entre capitais. Rotas regionais e internacio­nais foram suspensas até maio.

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