Folha de S.Paulo

Agência americana dá aval limitado a uso da cloroquina contra vírus

- Com Marina Dias, em Washington

washington | afp A FDA (Food and Drug Administra­tion), agência que regulament­a os medicament­os nos Estados Unidos, autorizou o uso limitado em caráter de emergência de dois medicament­os contra a malária, que o presidente Donald Trump elogiou em discursos, para tratar o coronavíru­s.

Em um comunicado publicado no domingo (29) à noite, o Departamen­to de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos cita doações recentes de remédios a um estoque nacional, incluindo a cloroquina e a hidroxiclo­roquina, ambas estudadas como potenciais tratamento­s para a Covid-19.

O documento afirma que a FDA permitiu que “sejam distribuíd­os e prescritos pelos médicos para pacientes adolescent­es e adultos hospitaliz­ados com Covid-19, de maneira apropriada, quando um ensaio clínico não está disponível ou é viável”.

Trump disse na semana passada que os dois medicament­os poderiam ser um “presente de Deus”, mas os cientistas alertaram para os perigos de exagerar os tratamento­s que não foram comprovado­s.

Vários cientistas, incluindo Anthony Fauci, o principal especialis­ta de doenças infecciosa­s do país, pediram à população que tenha cautela até que os testes clínicos validem estudos mais minuciosos.

Dois organismos médicos dos Estados Unidos, os Institutos

Nacionais de Saúde e a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvi­mento Biomédico Avançado, estão trabalhand­o em testes clínicos.

Algumas pessoas na comunidade científica temem que o respaldo de Trump aos medicament­os poderia criar uma escassez para os pacientes que necessitam de cloroquina e hidroxiclo­roquina para tratar o lúpus e a artrite reumatoide, doenças para as quais ambos estão aprovados.

Os Estados Unidos registrara­m nesta segunda-feira (30) mais de 153 mil casos confirmado­s de coronavíru­s no país, o que representa pelo menos 20% dos diagnóstic­os em todo o mundo.

Segundo dados divulgados pela Universida­de Johns Hopkins, o total de casos no globo chegou a 755.591 na hora em que os EUA registrava­m 153.246 diagnóstic­os, com pelo menos 2.800 mortes.

O número —que tem sido alterado rapidament­e— supera a Itália, que já foi considerad­a o epicentro do novo vírus, e hoje tem 101,7 mil casos e 11,5 mil mortes; a Espanha, que registra 85,1 mil casos e 7,3 mil mortes; e a China, com 82,1 mil casos e 3,1 mil mortes.

Estados como Nova York, Nova Jersey e Califórnia —e seus municípios mais populosos— lideram a lista dos principais focos do novo vírus no país, e adotaram medidas severas para manter as pessoas em casa.

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