Folha de S.Paulo

Prodígio, skatista brasileiro de 11 anos quer levar manobra inédita aos X-Games

Skatista brasileiro de 11 anos é o 1º a acertar giro de 1.080 graus no half pipe

- Alex Sabino

são paulo O skate faz parte da vida de Guilherme Zardo Khury desde antes do seu nascimento. Miniaturas de chocolate da prancha com rodinhas foram a lembrança distribuíd­a pelos pais a parentes e amigos quando a criança veio ao mundo.

Onze anos depois, Gui Khury é um fenômeno do esporte. Foi o primeiro skatista a conseguir fazer um giro no ar de 1.080 graus sem perder o equilíbrio no half pipe, pista em formato de U com altura entre 4 e 6 metros.

O vídeo da manobra, publicado em sua conta do Instagram na semana passada, foi assistido 209 mil vezes até a noite da última segunda(25).

“Não foi sorte, não. Acabei de acertar mais um”, afirma à Folha o garoto que mora em Campo Largo (Grande Curitiba), no Paraná, e treina na pista montada nos fundos da casa da avó. Ele começou a praticar aos 4 anos em uma escolinha no norte na Califórnia, nos Estados Unidos, onde a família tinha um restaurant­e. Foi quando chamou a atenção pelo talento.

“Até ali, o skate era apenas mais um brinquedo que ele tinha”, lembra o pai, Ricardo Sabóia Khury Filho, 45, que também colocou o garoto para treinar ginástica artística, tênis e futebol antes de ficar apenas com o skate.

Ele era sempre o menor de todos quando começou, principalm­ente quando praticava nas pistas maiores. Os skatistas mais velhos não acreditava­m nas manobras que aquele menino conseguia fazer.

Não foi a primeira vez que Gui Khury ganhou notoriedad­e por uma manobra. Ele já havia sido o 16º skatista na história a conseguir completar o 900°, giro de duas voltas e meia no ar. Foi o mais jovem a fazer o 720° (duas voltas) e o 540° (uma volta e meia).

Essa obsessão de ser o primeiro fez com que a família construíss­e a pista nos fundos da casa da sua avó, que não poderia dizer não ao neto.

“Quando completei [o 1.080°], fiquei na dúvida se tinha acertado. Foi um sonho, a melhor coisa que já me aconteceu. Pessoas do mundo inteiro me mandaram mensagens, algo incrível. Quando acertei, não consegui entender direito”, conta Guilherme.

Entre as mensagens, estavam as de celebridad­es que se tornaram amigos no mundo do esporte, como Sandro Dias, o Mineirinho. As mais especiais foram dos ídolos do pré-adolescent­e: o brasileiro Bob Burnquist e o americano Tony Hawk, dois dos maiores nomes da história da modalidade, que será olímpica a partir dos Jogos de Tóquio, adiados para julho de 2021.

Na casa de Burnquist, nos Estados Unidos, Gui Khury andou na megarrampa de 170 metros de compriment­o e até 27 metros de altura. Passou a ser seu sonho ter uma dessas em casa. “Temos esse projeto, mas precisamos de patrocinad­ores. Ainda mais com o dólar na cotação atual”, diz Ricardo, que afirma ter espaço físico para transforma­r o desejo em realidade. Na casa da avó de Gui, claro.

A quarentena causada pela pandemia de Covid-19 tem sido boa para ele na parte esportiva. Tem treinado mais do que as duas horas diárias costumeira­s, já que a escola está fechada e aulas são online.

Os convites para competiçõe­s no exterior, porém, foram cancelados por causa do coronavíru­s. Neste ano, ele iria à Suécia participar do mundial vertical, torneio que venceu em 2019. Também viajaria à Inglaterra. O seu maior objetivo, por enquanto adiado, é estar nos X Games, que seriam disputados em julho, em Minneapoli­s, nos EUA.

Foi no X-Games que seu ídolo Tony Hawk se tornou o primeiro a conseguir a manobra de 900 graus, em 1999, num dos maiores momentos da história desse esporte. E é onde Gui Khury planeja fazer o mesmo 1.080° que conseguiu nos fundos da casa da avó.

 ?? Rodolfo Buhrer - 12.mai.20/Reuters ?? Gui Khury treina no sítio da avó
Rodolfo Buhrer - 12.mai.20/Reuters Gui Khury treina no sítio da avó
 ?? Rodolfo Buhrer/Reuters ?? Gui Khury em pista de Campo Largo (PR)
Rodolfo Buhrer/Reuters Gui Khury em pista de Campo Largo (PR)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil