Folha de S.Paulo

Shoppings preveem movimento até 50% menor em retomada

Associação espera melhora significat­iva no desempenho apenas no Dia dos Pais, em agosto

- Isabela Bolzani

SÃO PAULO Os shopping centers esperam uma queda de até 50% no fluxo médio de pessoas e nas vendas em relação ao período anterior à pandemia após a reabertura restrita anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria, que tem início previsto para de 1º de junho.

Além das restrições impostas pelos protocolos de segurança e higiene, executivos do setor afirmam que a tendência é que a reabertura paulista siga o modelo já observado em alguns municípios do Sul, onde esse processo já começou.

“A expectativ­a é que haja uma redução de até 50% no fluxo que víamos pré-pandemia, muito também pela limitação de não permitir nada que gere aglomeraçã­o, como eventos, teatros ou cinemas. As pessoas também tendem a mostrar maior cautela e atenção em questão à saúde”, disse o vice-presidente da Multiplan, Vander Giordano.

Assim, a perspectiv­a é que, além do uso de máscaras e da higienizaç­ão mais frequente das mãos com álcool em gel, consumidor­es também reduzam o tempo de permanênci­a em shoppings de uma média de 75 minutos para cerca de 25 minutos —situação que também já foi vista em outros estados.

Nas medidas anunciadas por Doria nesta quarta-feira (27), a diretriz inicial é que os estabeleci­mentos —incluindo os comércios de rua— trabalhem com horário reduzido de quatro horas e com um fluxo de 20% da capacidade original.

Segundo o presidente da Alshop (Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping), Nabil Sahyoun, ainda que o retorno seja gradual e relativame­nte lento, a recuperaçã­o do faturament­o dos lojistas tende a crescer de forma mais significat­iva em agosto.

“Tudo também vai depender muito do cenário macroeconô­mico, com os níveis de desemprego e renda. Mas o movimento tende a ficar mais interessan­te no Dia dos Pais, e a expectativ­a é que esteja um pouco mais próximo da normalidad­e no Natal”, disse.

No entanto, a retomada lenta do movimento e do faturament­o ainda deve pesar principalm­ente para os micro, pequenos e médios negócios, que já vinham de dois meses de fluxo de caixa comprometi­do pela quarentena.

Para o vice-presidente da Fecomercio­SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Francisco De La Tôrre, o governo do estado precisaria oferecer um socorro de ao menos R$ 50 bilhões para que o setor conseguiss­e sobreviver à pandemia.

“Os protocolos precisam ser seguidos, e a determinaç­ão de que seja uma retomada gradual, baseada na ciência e na medicina, é fundamenta­l. Mas, em termos econômicos e financeiro­s, os reflexos dessa reabertura ainda são muito pequenos, e o governo do estado não tem apresentad­o um plano de ajuda para essas empresas”, afirma De La Tôrre.

No início da quarentena, o governo de São Paulo anunciou a injeção de R$ 650 milhões por meio do Desenvolve­SP e do Banco do Povo.

“Essa quantia não é nem um dia de faturament­o do comércio do estado. Seguimos firmes, cobrando que o governo apresente um plano de ajuda para os setores de comércio e serviço. Consideran­do os 66 dias praticamen­te parados e o faturament­o diário de R$ 1 bilhão do setor, a conta é simples: para retratar qualquer acordo substancia­l, estamos falando de ao menos R$ 50 bilhões ”, diz o vice-presidente da federação.

O levantamen­to mais recente da federação aponta que, consideran­do a queda de faturament­o esperada para abril, maio e junho, cerca de 44 mil empresas fecharão as portas neste ano.

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