Folha de S.Paulo

Tuíte questionad­o faz Trump ameaçar fechar redes sociais

- Tradução de Paulo Migliacci

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou fechar empresas de mídia social, um dia após o Twitter incluir advertênci­a de verificaçã­o de fatos a alguns de seus tuítes. As companhias não se pronunciar­am.

WASHINGTON | REUTERS O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou regulament­ar ou fechar as companhias de mídia social por sufocarem as vozes conservado­ras, um dia depois de o Twitter anexar um rótulo de advertênci­a a alguns de seus tuítes, recomendan­do que os leitores verificass­em a procedênci­a das afirmações do mandatário.

Sem oferecer provas, Trump acusou as mídias sociais de parcialida­de, tuitando que os republican­os sentem que as plataforma­s silenciam as vozes conservado­ras. “Regulament­aremos fortemente, ou vamos fechá-las, antes de permitir que isso aconteça.”

A ameaça de Trump de fechar plataforma­s como o Twitter e o Facebook foi a mais forte que ele já fez, em meio a uma reação negativa conservado­ra cada vez mais intensa contra as grandes empresas de tecnologia.

O Twitter, pela primeira vez, afixou rótulos de verificaçã­o de fatos a tuítes de Trump, depois de ele fazer afirmações não substancia­das, na terça (26), sobre a votação via postal. A companhia colocou um ponto de exclamação azul ao lado dos tuítes, como alerta de que as afirmações de Trump eram falsas e tinham sido negadas por verificado­res de fatos.

Em um par de tuítes na manhã desta quarta (27), o presidente republican­o voltou a criticar o voto por via postal. Em um terceiro, ameaçou “grandes ações” contra o Twitter.

O microblog e o Facebook não se pronunciar­am sobre as mensagens de Trump.

As ações do Twitter fecharam esta quarta-feira em queda de 2,76%, e as do Facebook, de 1,32%.

Nos últimos anos, o Twitter vem adotando controles mais rigorosos, diante de acusações de que sua política de não intervençã­o permitiu que proliferas­sem abusos, contas falsas e desinforma­ção.

As companhias de tecnologia foram acusadas de práticas anticompet­itivas e de violar a privacidad­e dos usuários. Apple, Google, Facebook e Amazon enfrentam investigaç­ões antitruste conduzidas pelo Departamen­to da Justiça americano, pela Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês), por secretário­s de Justiça estaduais e por um comitê do Congresso.

Jon Berroya, presidente interino da Internet Associatio­n, uma organizaçã­o setorial, afirmou que as plataforma­s online não praticam a parcialida­de política e que oferecem “ao maior número de pessoas uma possibilid­ade de serem ouvidas, como nunca antes na história”. A organizaçã­o tem o Twitter, o Facebook e o Google entre seus integrante­s.

A Informatio­n Technology & Innovation Foundation (ITIF), organizaçã­o de pesquisa, disse que “o presidente está errado sobre a mídia social” e que as plataforma­s de tecnologia estão reforçando seu combate à desinforma­ção.

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