Doria permite reabrir parte do comércio na capital a partir de junho
Comércio de rua e shoppings poderão reabrir seguindo protocolos que o prefeito Bruno Covas deve anunciar hoje
O governador João Doria (PSDB) anunciou que a capital poderá reabrir parte do comércio, como shoppings e lojas de rua, a partir de 1º de junho, desde que respeitadas algumas restrições.
A quarentena, que terminaria domingo (31), foi estendida por 15 dias, mas Doria flexibilizou medidas de acordo com a região.
A cidade de São Paulo foi incluída na fase laranja, a segunda mais restrita. Bares e restaurantes não voltarão a funcionar por ora, tampouco há previsão de retomada das aulas.
Municípios da Grande SP e da Baixada Santista, que permaneceram sob isolamento rígido, contestaram a decisão.
SÃO PAULO O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta (27) que prorrogará a quarentena em São Paulo por 15 dias, com flexibilização conforme a região do estado. Haverá cinco fases para classificar o nível de quarentena dentro da estratégia para conter a disseminação do novo coronavírus, que já atinge 515 das 645 cidades paulistas.
A nova quarentena começará a partir de 1º de junho, a próxima segunda, e dependerá dos índices de contaminação e ocupação hospitalar de cada região. As áreas autorizadas só poderão reabrir após decisão dos prefeitos.
De acordo com o mapa apresentado pelo governo, a capital entrou na fase laranja, a segunda mais forte na escala.
Nessa fase, será permitida a abertura de mais tipos de negócios, inclusive comércio de rua e shoppings, desde que guardadas restrições como limitação de horário. Os detalhes serão divulgados nesta quinta (28) pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).
A decisão ocorre após tensão entre a administração municipal e a estadual no que parece ter sido uma vitória do prefeito. Enquanto o comitê do governo cogitava colocar a cidade na zona vermelha, a gestão Covas considera que fez a lição de casa e conseguiu achatar a curva de contágio.
As demais cidades da Grande São Paulo e a Baixada Santista ficaram na área vermelha, onde não haverá nenhuma reabertura ainda.
Cada região poderá evoluir ou não de fase e regredir se os indicadores piorarem. As reavaliações serão feitas semanalmente e, para qualquer mudança, a região precisará se manter ao menos 14 dias (o período de incubação completa) com índices estáveis.
Segundo o governo, a reabertura deverá ser feita por decreto municipais observando também os planos regionais. Covas, que participou do anúncio, exibiu índices que, na avaliação da prefeitura, mostram a estabilização da doença na capital.
Questionado se haverá ou não reabertura na renovação da quarentena, Covas afirmou que a partir do dia 1º a cidade começará a receber as propostas dos setores. Serão fixadas regras para cada um deles e só então poderão reabrir.
“Essas propostas vão ser validadas pela Vigilância Sanitária do Município e, somente quando assinadas entre a entidade representativa de todo o setor e a prefeitura, é que o setor poderá reabrir na cidade de São Paulo. Nada a partir do dia 1º”, disse.
De acordo com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, os prefeitos terão liberdade para implementar as mudanças a partir do dia 1º de junho, dentro de alguns critérios como adesão aos protocolos de testagem e fundamentação científica para justificar a decisão.
“Estamos dando um passo certo na retomada consciente, nesta nova etapa, mas nos dando a determinação de que se tivermos que reavaliar e retomar posições mais duas o faremos”, disse Doria.
O médico João Gabbardo, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde sob o então ministro Luiz Henrique Mandetta, entrou para o comitê de saúde da gestão Doria. Em sua primeira entrevista coletiva, ele defendeu o modelo.
“Botamos mais leitos, compramos respiradores, temos mais recursos humanos, tem EPIs [equipamento de proteção]. Esse enfrentamento vai ocorrer, é inevitável. O que nós não poderíamos fazer era enfrentar sem as condições necessárias”, disse.
Doria também repercutiu a pesquisa Datafolha que mostrou que 60% dos brasileiros apoiam o “lockdown”, fechamento mais restrito. “Aos que apoiam o ‘lockdown’ pela pesquisa Datafolha, o Datafolha é um instituto sério, certamente essas pessoas apoiarão também o isolamento social, o uso de máscaras e transformarão respostas de pesquisa em atos práticos de vida.”
Sem escolas, a nova fase da quarentena em São Paulo prevê cinco categorias graduais de isolamento, do mais ao menos rígido (vermelha, laranja, amarela, verde e azul). Os critérios para estabelecer a retomada têm duas balizas, a de saúde e a econômica.
Na laranja, a primeira graduação de afrouxamento, concessionárias, atividades imobiliárias, escritórios, o comércio de varejo e shoppings podem retornar, mas com restrições e adoção de protocolos de segurança.
Na sequência e sob as mesmas condições, são autorizados também bares, restaurantes e salões de beleza; e concessionárias, imobiliárias e escritórios podem voltar a funcionar com restrições menores, atendendo apenas aos protocolos mínimos de higiene e prevenção.
A fase quatro, a verde, adiciona as academias às atividades que podem funcionar.
Na última, a azul, todos os setores temáticos da economia, inclusive espaços públicos e eventos que permitam aglomeração, podem funcionar respeitando a protocolos de segurança e higiene.
Cinemas e eventos esportivos não possuem escala de funcionamento gradativo, ou seja, voltam direto na categoria azul, a “fase de controle da doença, liberação de todas as atividades com protocolos [mínimos de prevenção]”.
O setor educacional foi indicado como de alta vulnerabilidade econômica e, portanto, considerado de prioridade para o retorno, sendo classificado ao lado dos restaurantes, da economia criativa dos serviços de beleza e das academias.
No entanto as escolas não responderão à mesma escala de retorno, mas, assim como os transportes, terá um plano específico, a ser definido.
Para atribuir a cor de cada região, o governo levará em conta a ocupação das UTIs, a quantidade de leitos intensivos por 100 mil habitantes e o número de novos casos, internações e mortes dos últimos sete dias dividido pelo mesmo número nos sete dias anteriores.
Para entrar na bandeira laranja, por exemplo, uma região precisa ter, dentre outras coisas, a ocupação de seus leitos de UTI entre 70% e 80%, e ter registrado na última semana não mais que o dobro de óbitos da semana anterior.
No mapeamento do governo, todas as regiões de São Paulo estão, hoje, entre as bandeiras vermelha e amarela. Nesta semana, Doria já havia descartado um “lockdown” iminente, afastando-se de seu posicionamento inicial.