Folha de S.Paulo

Câmara se antecipa a Guedes e cria projetos de Refis do coronavíru­s

Congressis­tas lançam propostas de refinancia­mento de impostos durante pandemia; ministro prometera parcelar o que foi adiado

- Fábio Pupo

BRASÍLIA Enquanto o ministro Paulo Guedes (Economia) acena com o refinancia­mento de impostos por causa da crise do coronavíru­s, a Câmara já se movimenta para definir regras do programa a ser criado.

Conforme mostrou a Folha no sábado (23), Guedes diz acreditar que o parcelamen­to é o mínimo a ser feito após o adiamento de impostos.

Em sua visão, seria difícil haver um retorno súbito e elevado de cobranças enquanto muitas empresas ainda estariam em dificuldad­es.

“Agora é diferiment­o [adiamento], depois vamos pensar no que fazer. Evidenteme­nte o mínimo a fazer é o parcelamen­to”, disse Guedes em reunião com empresário­s na semana passada.

“O sujeito quase quebrado e você vai pedir tudo de uma vez? É difícil”, afirmou.

No Ministério da Economia, também é vista a possibilid­ade de a medida ser atrelada à reforma tributária.

As propostas de alterações no sistema de impostos têm sido analisadas pela equipe de Guedes desde o ano passado. Porém, elas ainda não foram lançadas.

Na Câmara, há pelo menos duas propostas de refinancia­mento de impostos por causa da pandemia.

O deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) apresentou um projeto em abril criando o que chama de Plano de Recuperaçã­o Fiscal para pessoas jurídicas. A proposta contemplar­ia os recolhimen­tos vencidos até o último dia em que vigorar o estado de calamidade pública (31 de dezembro).

O texto prevê quatro modalidade­s de quitação para pendências com a Receita Federal e outras duas para dívidas administra­das pela PGFN (Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional).

Uma delas, por exemplo, prevê o pagamento à vista de ao menos 10% do valor da dívida consolidad­a e a liquidação do restante com créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL (Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido).

A Receita permite que prejuízos fiscais sejam compensado­s no cálculo de impostos. Fonteyne diz que o objetivo é flexibiliz­ar as regras atuais para não haver limites percentuai­s do crédito a ser usado.

O texto de Fonteyne não chega a diferencia­r empresas que entraram em dificuldad­es durante a pandemia de outras que podem ter passado ilesas pela crise ou até ganhado receitas. “Vários setores não tiveram problemas”, disse.

Apesar da magnitude que o programa pode alcançar, Fonteyne disse não ter cálculos dos montantes envolvidos.

Outro projeto de refinancia­mento de impostos por causa da Covid-19 é do deputado Ricardo Guidi (PSD-SC).

Apresentad­o há pouco mais de uma semana, o texto concede, por exemplo, 90% de desconto de multas e juros a pessoas físicas e jurídicas, inclusive para companhias em recuperaçã­o judicial.

A proposta prevê o pagamento em parcelas mensais, sendo o valor de cada pagamento o percentual do faturament­o do mês anterior.

Os percentuai­s variam de 0,3% nos dois primeiros anos a até 1% de 2023 em diante.

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