Bolsonaro fala em Aras para eventual vaga no Supremo
Jair Bolsonaro declarou que Augusto Aras, hoje responsável por investigações que o atingem, é nome forte a ser indicado para disputar possível terceira vaga no STF. Mais cedo, o PGR se manifestou contra a apreensão do celular do presidente.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta (28) que o procurador-geral da República, Augusto Aras, hoje responsável por investigações com potencial de atingir o chefe do Executivo, é um nome forte que pode ser indicado por ele para uma possível terceira vaga ao STF.
“Se aparecer uma terceira vaga —espero que ninguém desapareça—, mas o Augusto Aras entra fortemente na terceira vaga”, afirmou Bolsonaro, que emendou sua live semanal com uma entrevista à rádio Jovem Pan.
Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio terão aposentadoria compulsória na corte no atual mandato de Bolsonaro e devem ser substituídos por nomes indicados por ele —em novembro de 2020 e em 2021, respectivamente.
Uma terceira vaga para indicação de Bolsonaro surgiria no caso de reeleição dele, de saída não programada de algum integrante da corte ou de morte, por exemplo.
Bolsonaro descartou a indicação de Aras para uma das duas primeiras vagas, mas acenou para ele como uma possibilidade futura.
Como mostrou a Folha, após a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, Bolsonaro passou a avaliar essa hipótese, mas disse a aliados que uma indicação dependeria da postura do procuradorgeral em relação ao governo.
Aras foi escolhido para a PGR por Bolsonaro e tem adotado posicionamentos favoráveis ao presidente.
Manifesto assinado por 535 integrantes do Ministério Público Federal pede que seja feita uma lei que determine que a escolha do PGR pelo presidente seja feita a partir de uma lista tríplice escolhida em votação pela categoria.
Hoje, o presidente recebe da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) a indicação dos três mais votados pelos procuradores, mas não é obrigado a segui-la. Aras foi escolhido sem figurar na lista tríplice.
Nesta semana, ele pediu a suspensão do inquérito das fake news e criticou a ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes de operação contra aliados bolsonaristas.
Nesta quinta, Bolsonaro disse que a indicação de Aras não está prevista nas duas primeiras vagas. Mas fez um aceno: “Eu costumo dizer que tenho três nomes e não vou revelar quem eu namoro para indicar para o STF”, disse, para depois admitir que o atual pro curador-geral é cotado.
Bolsonaro reafirmou que um dos ministros que deve indicar ao STF será evangélico. “É um compromisso que tenho com a bancada evangélica”, afirmou. “Agora, uma pitada de religiosidade é muito bem-vinda. Tem pauta lá que faltou, no meu entender, um ministro defender à luz da sua crença. Por que não?”
Bolsonaro citou, então, seu atual ministro da Justiça, André Mendonça, que é evangélico e já vinha sendo cotado.