Folha de S.Paulo

Corrente

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

A disseminaç­ão reiterada de informaçõe­s falsas, muitas delas com ataques a autoridade­s, e as ameaças do presidente da República de desdenhar de ordens judiciais fizeram ministros do Supremo se unir nas últimas semanas. A dita preocupaçã­o com a situação do país levou a maioria a manifestar apoio ao inquérito de fake news, de Alexandre de Moraes. A investigaç­ão era considerad­a polêmica na época da sua abertura, mas agora é tida como necessária.

tamo junto Os ministros têm conversado por meio de videoconfe­rência durante a pandemia. Pelo menos sete já demonstrar­am apoiar a continuaçã­o da investigaç­ão.

complô Em conversas reservadas, Bolsonaro sugeriu a ministros do STF que vê Moraes como participan­te de um movimento de conspiraçã­o contra seu governo. O Painel mostrou em abril que o presidente citava supostos dados de inteligênc­ia para reclamar de um movimento combinado entre Rodrigo Maia (DEMRJ), João Doria (PSDB-SP) e setores do Supremo.

conselho Os magistrado­s que estiveram com Bolsonaro têm tentando demovê-lo das elucubraçõ­es, mas ainda não tiveram êxito. uni-vos Centrais sindicais e o governador João Doria (PSDBSP) transforma­ram reunião nesta quinta (28) para discutir a reabertura da economia paulista em um ato político. Os presentes fizeram discursos em defesa da democracia, em crítica indireta a Jair Bolsonaro.

reação “Vamos à luta, São Paulo vai defender a democracia até com medidas judiciais, se for necessário”, disse o governador, rival do presidente. Segundo relatos, o tucano lembrou que seu pai foi perseguido pela ditadura e que ele e família viveram no exílio.

tempos estranhos Primeiro a discursar entre os sindicalis­tas, Ricardo Patah (UGT) falou sobre a preocupaçã­o com o que chamou de “período conturbado, com valores republican­os em risco”.

fluxo No período de 21 a 27 de maio, 17 perfis alvos de investigaç­ão pela Polícia Federal na operação desta quarta-feira (27), autorizada pelo STF, foram responsáve­is por 5% das interações da base alinhada à direita no Twitter, segundo levantamen­to feito pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas (DAPP), da FGV, a pedido do Painel.

TIROTEIO O centrão acredita que se reelegerá com cargos. Mas os mortos só crescem, e logo verão que apoiar o governo é suicídio eleitoral

De Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista e ex-ministro (Fazenda, Administra­ção), sobre aproximaçã­o de governo e parlamenta­res com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

vidência Em um documento interno, o Depen (Departamen­to Penitenciá­rio Nacional) afirmou que rebeliões em presídios são questão de tempo por causa da pandemia do coronavíru­s. O órgão fala em compras de armamento não letal, como granadas, munições e sprays, no valor de R$ 20 milhões para contenção de revoltas.

confusão No ofício, o diretor de políticas penitenciá­rias vinculado ao Ministério da Justiça, Sandro Abel Sousa Barradas, disse que a compra se justifica para evitar tumultos e motins nas penitenciá­rias, por causa do aumento “de tensão em ambiente que já é carregado e estressant­e.”

tic tac “Em todos os estados houve restrição de visitas [durante a pandemia], o que certamente eleva a temperatur­a, e rebeliões são uma questão de tempo e do desenrolar da pandemia instalada”, afirmou.

censura O pastor Josué Valandro, da Igreja Batista Atitude, frequentad­a pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, publicou imagem nas redes sociais em que acusou o Supremo Tribunal Federal de perseguiçã­o àqueles que criticam os ministros da corte.

súplica “O que você achou da perseguiçã­o do STF a youtubers, comediante­s e empresário­s que o criticam? Dê sua opinião respeitosa”, escreveu Valandro em uma postagem no Instagram. A mensagem foi publicada abaixo de imagem que mostra uma mistura de máscara de proteção e uma mão sobre a boca de um homem, sugerindo censura.

campanha Empresário­s do Paraná estão distribuin­do outdoors e folders em apoio ao ex-ministro Sergio Moro e ao STF, no combate às fake news. O presidente da Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas), Fabio Aguayo, diz que a intenção é apoiar o combate a mensagens odiosas nas redes sociais, inclusive contra estabeleci­mentos comerciais.

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